Moral, diferença e currículo: diálogos entre Nietzsche, Deleuze e a educação

Autor/innen

DOI:

https://doi.org/10.5007/2175-795X.2022.e85362

Schlagworte:

Currículo, Diferença, Moral, Pós-crítica, Pós-estruturalismo

Abstract

Este artigo visa estabelecer um diálogo entre Nietzsche, Deleuze e a educação. Para isso são estabelecidas e problematizadas algumas relações entre as concepções teóricas de moral de negação, desenvolvida por Nietzsche; Diferença, formulada por Deleuze e a abordagem pós-crítica dos estudos curriculares. O objetivo perseguido neste trabalho foi problematizar ressonâncias da moral judaico-cristã na relação educação-Diferença e possíveis efeitos de poder decorrentes disso. Com base em aporte teórico de enquadramento epistemológico pós-estruturalista, argumenta-se que a moral de negação atravessa os currículos escolares. Em função disso, os currículos assumem determinadas identidades como essências tomando-as como modelos nos processos de subjetivação. Por privilegiar a produção de identidades, os currículos não concebem a Diferença em si mesma, sem referente. Apenas a concebem como diferença em relação a, como variação de identidades naturalizadas que privilegiam e tentam reproduzir. A partir de Deleuze propõe-se pensar os currículos na perspectiva da Diferença. Currículos pensados por essas lentes teóricas não assumem passivamente a moral de negação e a identidade como verdades fundantes e absolutas, mas as colocam em questão enquanto defendem uma moral afirmativa que cria e recria a si dando vazão à Diferença em si mesma. Currículos assim constituídos não buscam homogeneizar os indivíduos, mas aumentar sua potência de agir e afirmar-se como singularidades em processos constantes de construção-desconstrução-reconstrução.

Autor/innen-Biografien

Amarildo Inácio dos Santos, Universidade Federal da Bahia, UFBA, Brasil

Mestre em Educação pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Regional de Blumenau (PPGE-FURB). Licenciado em Música pela Universidade Regional de Blumenau (FURB). Pós-graduado em Gestão Escolar e Coordenação Pedagógica pela Faculdade Unyleya. Membro do grupo de pesquisa FEP - Formação em Exercício de Professor, Faced, Universidade Federal da Bahia, UFBA, Brasil.

Maria Roseli Gomes Brito de Sá, Universidade Federal da Bahia, UFBA, Brasil

Professora Titular da Universidade Federal da Bahia, Brasil. Nessa mesma universidade construiu sua formação profissional, primeiramente com a graduação em Pedagogia (1979), depois mestrado em Educação (1994) e doutorado em Educação (2004). A atuação profissional teve início como professora do então 1º grau, com respaldo do Curso Normal (1971). Com incursões na área de Recursos Humanos nos anos 1980, a ênfase, porém, foi para a atividade docente, inicialmente na esfera privada e prioritariamente na esfera pública, nos diversos níveis de ensino. Atualmente são desenvolvidas atividades de ensino, pesquisa e extensão na graduação e nos programas de Mestrado e doutorado acadêmico em Educação e Mestrado Profissional em Currículo, linguagens e inovações pedagógicas na Faculdade de Educação da UFBA. Líder do Grupo de pesquisa FEP ? Formação em exercício de professores, com pesquisas e publicações sobre currículo, formação de professores, formação de professores em exercício, narrativas (auto)biográficas, pedagogia e mestrado profissional. Atuou na vice-coordenação (2013-2016) e coordenação (2016-2017) do Mestrado Profissional em Educação da UFBA. Realizou (2017-2018) estudos Pós-doutorais em Desenvolvimento curricular na UMinho, Pt. Comitê editorial dos periódicos: Revista Plurais (UNEB), Entreideias (UFBA) e Recculti (UNESP).

Daniele Farias Freire Raic, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, UESB, Brasil

Pós-doutorado em Educação pela Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia, UFBA, Brasil. Doutora em Educação pelo Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Educação na Universidade Federal da Bahia (FACED/UFBA), mestre em Educação pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), licenciada em Pedagogia pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB). Professora adjunta da UESB, lotada no Departamento de Ciências Humanas e Letras (DCHL), Área de Fundamentos da Educação, na qual desenvolve atividades de ensino, pesquisa e extensão. Investiga sobre currículo, formação e processos de subjetivação. Líder do grupo de Pesquisa GEFORPPEC - Grupo de Estudos em Formação, Políticas e Práticas Educativas e Curriculares, no qual coordena a Linha NUFORDICC - Nucleo de Estudos em Formação, Diferença e Composições Curriculares. Membro do grupo de pesquisa FEP - Formação em Exercício de Professor (Faced/UFBA). Membro do grupo de pesuisa em Filosofia, Arte e Educação - FIARe. Professora do programa de Pós-graduação em Educação (PPGEd/UESB). Professora do Programa de Pós-Gradução em Educação Científica e Formação de Professores (PPG.ECFP/UESB).

Literaturhinweise

BRASIL. Constituição Federal de 1988. Diário Oficial [da]União. Poder Executivo, Brasília, DF, 5 out. 1988.

BRASIL. Lei nº 9.394 Estabelece as Diretrizes e Bases da educação Nacional. Diário Oficial [da]União, Poder Executivo, Brasília, DF, 23 dez. 1996.

CORAZZA, Sandra Mara. O que quer um currículo?: pesquisas pós-críticas em educação. Petrópolis: Vozes, 2001.

CORAZZA, Sandra; SILVA, Tomaz T. da. Composições. Belo Horizonte: Autêntica, 2003.

CRAIA, Eladio C. P. A problemática ontológica em Gilles Deleuze. Cascavel: Editora Unioeste, 2002.

CRAIA, Eladio. O virtual: destino da ontologia de Gilles Deleuze. Revista de Filosofia Aurora, v. 21, n. 28, p. 107-123, 2009.

DELEUZE, Gilles. Nietzsche e a filosofia. Tradução Edmundo Fernandes Dias e Ruth Joffily Dias. Rio de Janeiro: Editora Rio, 1976.

DELEUZE, Gilles. A dobra: Leibniz e o Barroco. 2. ed. Tradução Luiz B. L. Orlandi. Campinas: Papirus Editora, 1991.

DELEUZE, Gilles. Diferença e repetição. Tradução Luiz Orlandi e Roberto Machado. 1. ed. Rio de janeiro/São Paulo: Paz e terra, 2018.

DELEUZE, Gilles; PARNET, Claire. Diálogos. Trad. Eloisa Araújo Ribeiro, São Paulo: Escuta, 1998.

DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. O anti-Édipo: capitalismo e esquizofrenia. Tradução Luiz B. L. Orlandi. São Paulo: Ed. 34, 2010a.

DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. O que é a filosofia? Tradução Bento Prado Jr. e Alberto Alonso Muñoz. 3. ed. São Paulo: Editora 34, 2010b.

DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia. Tradução Aurélio Guerra Neto, Ana Lúcia de Oliveira, Lúcia Cláudia Leão e Suely Rolnik. Rio de Janeiro: Ed. 34, 2012. v. 3.

FOUCAULT, Michel. Nietzsche, Freud e Marx: theatrum philosoficum. Tradução Jorge Lima Barreto. São Paulo: Princípio Editora, 1997.

FOUCAULT, Michel. A arqueologia do saber. Tradução Luiz Felipe Baeta Neves. 8. ed. Rio de janeiro: Forense Universitária, 2012.

FOUCAULT, Michel. As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas. Lisboa: Edições 70, 2014.

GALLO, Sílvio. Em torno de uma educação menor. Educação & Realidade, v. 27, n. 2, 2002.

MOSÉ, Viviane. Nietzsche e a grande política da linguagem. Petrópolis: Vozes, 2018.

NICOLAY, Deniz Alcione. Procedimento genealógico na pesquisa em educação. In: CORAZZA, Sandra. (Org.). Métodos de transcriação: pesquisa em educação da diferença. São Leopoldo: Oikos, 2020.

NIETZSCHE, Friedrich Wilhelm. Assim falava Zaratustra: um livro para todos e para ninguém. Tradução Mário Ferreira dos Santos. 6. ed. Petrópolis: Vozes, 2011.

NIETZSCHE, Friedrich Wilhelm. A genealogia da moral. Tradução Antonio Carlos Braga. São Paulo: Lafonte, 2017.

NIETZSCHE, Friedrich Wilhelm. Crepúsculo dos ídolos: como filosofar a marteladas. Tradução Carlos Antonio Braga. São Paulo: Lafonte, 2018.

PÁL PELBART, Peter. Da clausura do fora ao fora da clausura: loucura e desrazão. São Paulo: Editora Brasiliense, 1989.

SCHÖPKE, Regina. Por uma filosofia da diferença: Gilles Deleuze, o pensador nômade. Rio de Janeiro: Contraponto, 2012.

SILVA, Tomaz Tadeu da. O currículo como fetiche: a poética e a política do texto curricular. Belo Horizonte: Autêntica, 1999

SILVA, Tomaz Tadeu da. Pedagogia crítica em tempos pós-modernos. In: SILVA, Tomaz Tadeu da. Identidades terminais: as transformações na política da pedagogia e na pedagogia da política. Petrópolis: Vozes, 1996.

SILVA, Tomaz Tadeu da. Teoria cultural e educação: um vocabulário crítico. Belo Horizonte: Autêntica, 2000.

SILVA, Tomaz Tadeu. Documentos de identidade: uma introdução às teorias do currículo. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2007.

VARELA, Julia; ALVAREZ-URIA, Fernando. La maquinaria escolar. In: VARELA, Julia; ALVAREZ-URIA, Fernando. Arqueologia de la escuela. Madrid: Ediciones Endymion, 1991.

VEIGA-NETO, Alfredo. Nietzsche e Wittgenstein: alavancas para pensar a diferença e a pedagogia. In: GALLO, Silvio; SOUZA, Regina Maria de. Educação do preconceito: ensaios sobre poder e resistência. Campinas: Alínea, 2004.

WILLIAMS, James. Pós-estruturalismo. Tradução Caio Liudvik. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 2013.

Veröffentlicht

2022-09-12

Zitationsvorschlag

dos Santos, A. I., Gomes Brito de Sá, M. R., & Farias Freire Raic, D. (2022). Moral, diferença e currículo: diálogos entre Nietzsche, Deleuze e a educação. Perspectiva, 40(3). https://doi.org/10.5007/2175-795X.2022.e85362