Vivi e Amelinha: lesbiandade no Brasil dos anos de 1930
DOI:
https://doi.org/10.1590/1806-9584-2025v33n3100294Palavras-chave:
lesbiandade, gênero, mulher, discurso médico, interseccionalidadeResumo
Neste artigo, analisamos a construção de representações sobre lesbianas e lesbiandade no discurso médico-legal brasileiro dos anos de 1930, com o intuito de identificar quais sentidos foram empregados na produção dessas sujeitas sexuais. Para isso, selecionamos o relato do relacionamento de duas lesbianas de Salvador, na Bahia, presente no livro A Inversão dos Sexos (1935), do médico Estácio de Lima, tendo em vista o poder/saber disciplinar e burguês que embasava miradas patológicas sobre os corpos não cisheterossexuais e a intersecção de marcadores de desigualdade no período. Como técnica de pesquisa, empregamos alguns operadores da análise de discurso (AD) de vertente francesa.
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