Jornalismo feminista: estratégias e desafios diante dos conservadorismos
DOI:
https://doi.org/10.1590/1806-9584-2025v33n3108003Palavras-chave:
jornalismo feminista, jornalismo com perspectiva de gênero, perspectivas decoloniais, Argentina, BrasilResumo
O jornalismo é uma importante tecnologia de gênero que (re)produz estereótipos e divulga modos de conduta a partir de uma perspectiva androcêntrica. Diferente disso, o jornalismo feminista tem questionado estas lógicas e desenvolvido outras práticas, a partir de perspectivas feministas que se definem como interseccionais e por vezes decoloniais. Este texto conceitua o jornalismo feminista apontando suas estratégias antifascistas, antirracistas e sua relação possível com posicionamentos decoloniais. A partir de pesquisa exploratória e de vivências das docentes em ensino, pesquisa e extensão, o trabalho explora especialmente coletivos argentinos e brasileiros, identifica jornalismos feministas que colaboram para resistir aos ataques ultraconservadores, construir alianças e outras pedagogias e epistemologias que possibilitem transformações na realidade social.
Downloads
Referências
AZMINA, Revista. Conselhos de medicina atuam no lobby antiaborto. AzMina. Disponível em https://azmina.com.br/reportagens/conselhos-de-medicina-atuam-no-lobby-antiaborto/ Acesso em 21 fev. 2025.
ALBUQUERQUE, Afonso. O que decolonizar o jornalismo afinal quer dizer? Um olhar a partir do Brasil. Lumina, [S. l.], v. 16, n. 3, p. 5–19, 2022.
ANGENOT, Marc. El discurso social. Los límites de lo pensable y lo decible. Buenos Aires: Siglo XXI Editores, 2010.
ASSIS, Carolina de. Violência digital silencia jornalistas argentinas: coberturas sobre aborto e feminicídio são as que mais rendem ataques. LatAm Journalism Review. 6 de novembro de 2024. Knight Center for Journalism in the Americas. Disponível em https://latamjournalismreview.org/pt-br/articles/violencia-digital-silencia-jornalistas-argentinas-coberturas-sobre-aborto-e-feminicidio-sao-as-que-mais-rendem-ataques/ Acesso 08 fev. 2025.
COMUNICACIÓN PARA LA IGUALDAD, Asociación Civil . Editoras de Género en Medios de Comunicación de Argentina II (2023). Disponível em https://comunicarigualdad.com.ar/editoras-de-genero-argentina-2/ Acesso 08 fev. 2025.
BALLESTRIN, Luciana. América Latina e o giro decolonial. Revista Brasileira de Ciência Política, nº 11, 2013, p. 89-117.
BOGADO, Maria. Rua. In: HOLLANDA, Heloisa Buarque de (Org.). Explosão feminista. 2 ed. São Paulo: Cia das Letras, 2018, p. 23-42.
BONIN, Jiane. Questões metodológicas na construção de pesquisas sobre apropriações midiáticas. In: MOURA, Cláudia Peixoto de; LOPES, Maria Immacolata Vassalo de. (Orgs.) Pesquisa em Comunicação: metodologias e práticas acadêmicas. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2016.
BUTLER, Judith. Quem tem medo do gênero? São Paulo: Boitempo, 2024.
CARVALHO, Carlos Alberto de. O jornalismo, ator social colonizado e colonizador. Curitiba: CRV: 2023.
CATARINAS, Portal. “Suportaria mais um pouquinho?” Vídeo: em audiência, juíza de SC induz menina de 11 anos grávida após estupro a desistir de aborto. Disponível em https://catarinas.info/video-em-audiencia-juiza-de-sc-induz-menina-de-11-anos-gravida-apos-estupro-a-desistir-de-aborto/ Acesso em 21 fev. 2025.
COSTA, Cristiane. Rede. In: HOLLANDA, Heloisa Buarque de (Org.). Explosão feminista. 2 ed. São Paulo: Cia das Letras, 2018, p. 43-60.
CROSTA, Isabella Bergo. Coletivos feministas no Instagram: análise do Feminacida (Argentina) e do Portal Catarinas (Brasil). Dissertação (Mestrado). Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação. Escola de Comunicação e Artes. Universidade de São Paulo, 2022.
CRENSHAW, Kimberlé W. Demarginalizing the Intersection of Race and Sex: A Black Feminist Critique of Antidiscrimination Doctrine, Feminist Theory and Antiracist Politics. University of Chicago Legal Forum, 1989.
CURIEL, Ochy. Construindo metodologias feministas a partir do feminismo decolonial. In: HOLLANDA, Heloisa Buarque de (org). Pensamento feminista hoje: perspectivas decoloniais. Rio de janeiro: Bazar do Tempo, 2020. p. 120-138.
ELIZALDE, Silvia. Tiempo de Chicas. Identidad, cultura y poder. Buenos Aires: Grupo Editor Universitario, 2016.
FELIX, Ediliane Heliodoro. Jornalismo periférico: por uma práxis decolonial e antirracista PAULUS: Revista de Comunicação da FAPCOM • DOI: https://doi.org/10.31657/rcp.v7i13.662
FESTIVAL INTERNACIONAL ZARELIA, Jornalismo, Mídias Digitais, Gênero e Feminismo. Disponível em https://festivalzarelia.com/ Acesso em 21 fev. 2025.
FÍGARO, Roseli; NONATO, Cláudia. Arranjos jornalísticos alternativos e independentes no Brasil: organização, sustentação e rotinas produtivas. São Paulo, ECA/USP - CPCT, 2021.
GLOBAL Project Oasis. Project Oasis Report (2024). Disponível em https://globalprojectoasis.org/global-report/executive-summary/ Acesso em 21 fev. 2025.
GMMP, Global Media Monitoring Project. Global Media Monitoring Project (GMMP) 2020 Report. Disponível em https://genderopendata.org/dataset/global-media-monitoring-project-gmmp-2020-report Acesso em 21 fev. 2025.
GONZALEZ, Lelia. Por um feminismo afro-latino-americano: ensaios, intervenções e diálogos. 1 ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2020.
GUSTAFSON, Jessica. Jornalistas e feministas: a construção da perspectiva de gênero no Jornalismo. Florianópolis: Insular, 2019.
HARAWAY, Donna. Saberes localizados: A questão da ciência para o feminismo e o privilégio da perspectiva parcial. Cadernos Pagu (5), 1995.
HOLLANDA, Heloisa Buarque de. Introdução: O grifo é meu. In: HOLLANDA, Heloisa Buarque de (Org.). Explosão feminista. 2 ed. São Paulo: Cia das Letras, 2018, p. 11-19.
JENKINS, Henry. Convergence Culture. La cultura de la convergencia de los medios de comunicación. Barcelona: Paidós, 2008.
LAGO, Cláudia; GONÇALVES, Gean; KAZAN, Evelyn. Jornalismo a partir da lógica decolonial: o caso do Nós, Mulheres da Periferia. Pauta Geral, v. 10, p. 126-143, 2023.
LAURETIS, Teresa de. A tecnologia de Gênero. In: HOLLANDA, Heloisa Buarque de. Tendências e impasse. O feminismo como crítica da cultura. Rio de Janeiro: Rocco, 1994. p. 206-242.
LAVAL, Christian; DARDOT, Pierre. A nova razão do mundo: ensaio sobre a sociedade neoliberal. São Paulo, Boitempo, 2016.
LUGONES, María. Colonialidade e Gênero. Tabula Rasa. N. 9 Bogotá Julho/Dez. 2008.
LUMINATE, Firma de Inversiones Filantrópicas (19 de junio de 2022). Consumo y pago de noticias digitales: oportunidades y desafíos del modelo de suscripción en América Latina. Disponível em https://luminategroup.com/storage/985/Reporte-Consumo-y-Pago-de-Noticias-Digitales-Regional-(ES)---Luminate-2020.pdf Acesso em 28 fev. 2025.
MALDONADO-TORRES, Nelson. Sobre a Colonialidade do Ser. Revista Cultural Studies, v. 21, n.º 2-3, p. 240-270, 2007.
MARTINI, Stella. Periodismo, noticia y noticiabilidad. Editorial Norma, Buenos Aires, 2000.
MISKOLCI, Richard; CAMPANA, Maximiliano. “Ideologia de gênero”: notas para a genealogia de um pânico moral contemporâneo. Revista Sociedade e Estado, Brasília, v. 32, n. 3, p. 725-747, set./dez., 2017. DOI: https://doi.org/10.1590/s0102-69922017.3203008
MIGNOLO, Walter. Histórias Locais/Projetos Globais: Colonialidade, Saber e Pensamento Liminar Tradução de Solange Ribeiro de Oliveira. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2003.
MASSA, Jimena. Revistas digitales feministas: periodismo situado y con agenda propia. Cuadernos del CIPeCo. Revista del Centro de Investigaciones en Periodismo y Comunicación de la Facultad de Ciencias de la Comunicación, Universidad Nacional de Córdoba, v. 2, n. 3, 2022.
MORAES, Fabiana. A pauta é uma arma de combate: subjetividade, prática reflexiva e posicionamento para superar um jornalismo que desumaniza. Porto Alegre: Arquipélago, 2022.
PALERMO, Zulma. Desobediencia Epistémica y opción decolonial. Cadernos de estudos culturais, Campo Grande, MS, v. 5, p. 237-194, jan./jun. 2013.
PELLEGRINO, Antonia. Política representativa. In: HOLLANDA, Heloisa Buarque de (Org.). Explosão feminista. 2 ed. São Paulo: Cia das Letras, 2018, p. 61-72.
POSETTI, Julie; BONTCHEVA, Kalina; MAYNARD, Diana; ABOULEZ, Nermine. The chilling: global trends in online violence against women journalists. Paris: Unesco, 2021. Disponível em https://www.researchgate.net/publication/365806353_The_Chilling_A_global_study_of_online_violence_against_women_journalists. Acesso em 28 fev. 2024.
PUNTO DE INFLEXIÓN INTERNACIONAL. Un estudio sobre emprendedores de medios digitales en América Latina, el Sudeste Asiático y África (2021). Disponível em https://data2021.sembramedia.org/es/ Acesso em 28 fev. 2025.
QUIJANO, Aníbal. Colonialidade do Poder, Eurocentrismo e América Latina. Revista Internacional de Ciências Sociais, 2000, n.º 168, p. 215-246.
RIPVG, La Red Internacional de periodistas con Visión de Género. ¿Quiénes somos? Disponível em https://redinternacionaldeperiodistas.org/?p=9497. Acesso em 25 de fev. 2025.
ROVIRA-SANCHO, Guiomar. El devenir feminista de la acción colectiva: las redes digitales y la política de prefiguración de las multitudes conectadas. Teknokultura: V. 15, Nº. 2, p. 223-240, 2018.
SANTANA, Jamile. Mulheres jornalistas recebem mais do que o dobro de ofensas do que colegas homens no Twitter. Revista AZMina, 2021. Disponível em https://azmina.com.br/reportagens/mulheres-jornalistas-recebem-mais-que-o-dobro-de-ofensas-que-colegas-homens-no-twitter/ Acesso em 25 de fev. 2025.
SEGATO, Rita Laura. O sexo e a norma: frente estatal-empresarial-midiática-cristã. In: SEGATO, Rita Laura. Crítica da colonialidade em oito ensaios e uma antropologia por demanda. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2021.
SILVA, Gislene. Para pensar critérios de noticiabilidade. In: SILVA, G.; SILVA, M. P.; FERNANDES, M. L. (Orgs.). Critérios de noticiabilidade – problemas conceituais e aplicações. Florianópolis: Insular, 2014.
SILVA, Vivian da Veiga. Dialogando com as línguas selvagens: contribuições de Gloria Anzaldúa para pensar o feminismo decolonial. Ártemis, Paraíba, v. 31, n. 1, p. 336-353, jan-jun 2021.
SPINETTA, Belén. Editoras de género en medios de comunicación de Argentina II: la actualidad de un rol en disputa. Ciudad Autónoma de Buenos Aires: Comunicación para la Igualdad Ediciones, 2023.
UNFPA, El Fondo de Población de las Naciones Unidas. Red de Editoras de Género. Disponível em https://argentina.unfpa.org/es/red-editoras-genero-reg Acesso 28 fev. 2025.
VIVEROS VIGOYA, Mara. La interseccionalidad: una aproximación situada a la dominación. Universidad Nacional Autónoma de México, Programa Universitario de Estudios de Género, 2016.
WILLIAMS, Raymond. Marxismo y literatura. Barcelona: Homosociologicus/Península, 1980.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Revista Estudos Feministas

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
A Revista Estudos Feministas está sob a licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional (CC BY 4.0) que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento de autoria e publicação inicial neste periódico.
A licença permite:
Compartilhar (copiar e redistribuir o material em qualquer suporte ou formato) e/ou adaptar (remixar, transformar, e criar a partir do material) para qualquer fim, mesmo que comercial.
O licenciante não pode revogar estes direitos desde que os termos da licença sejam respeitados. Os termos são os seguintes:
Atribuição – Você deve dar o crédito apropriado, prover um link para a licença e indicar se foram feitas mudanças. Isso pode ser feito de várias formas sem, no entanto, sugerir que o licenciador (ou licenciante) tenha aprovado o uso em questão.
Sem restrições adicionais - Você não pode aplicar termos jurídicos ou medidas de caráter tecnológico que restrinjam legalmente outros de fazerem algo permitido pela licença.


