Narrativas do Feminicídio na Amazônia
DOI:
https://doi.org/10.1590/1806-9584-2022v30n276976Palavras-chave:
feminicídio, narrativa jornalística, AmazôniaResumo
Este artigo analisa narrativas jornalísticas do feminicídio na Amazônia a partir do aporte
conceitual proveniente dos estudos de gênero. O ponto de partida da pesquisa foi a coleta de
notícias em jornais dos estados pertencentes à Região Amazônica que apresentassem em seu texto as palavras ‘feminicídio’, ‘assassinada’ e ‘morta’, e que essa inserção tivesse relação direta com os crimes, seus desdobramentos, investigação, julgamento e condenação. O estudo apontou que as narrativas jornalísticas podem colonizar simbolicamente as mulheres, a partir do momento em que constroem uma versão da realidade social ancorada na desigualdade entre os gêneros instalada no país. Na construção das narrativas, emergiram julgamentos e silenciamentos que afetam diretamente as mulheres e que destoam da amplitude dos discursos em prol da igualdade de gênero presentes na sociedade, e que, de forma eficaz, mascaram as assimetrias no contexto da Amazônia.
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