Memória e ancestralidade em “Olhos d’água”, de Conceição Evaristo
DOI:
https://doi.org/10.1590/1806-9584-2025v33n295638Palavras-chave:
identidade negra, memória ancestral, corpo, Conceição Evaristo, Olhos d’águaResumo
No presente estudo, analisa-se a memória em “Olhos d’água”, de Conceição Evaristo (2016), compreendendo-a enquanto mecanismo de resgate da identidade da protagonista. Para tanto, as discussões aqui propostas acerca da ideia de corpo são mediadas por análises sociológicas e antropológicas. Logo em seguida, é analisado o papel da memória ancestral e o lugar ocupado por Evaristo e sua narrativa quando inseridas num contexto de produção intelectual pós-colonial. O corpus dialoga diretamente com os estudos da ancestralidade, memória e identidade, evidenciando a relação com os antepassados e rompendo com os estereótipos atribuídos ao corpo negro. Nessa perspectiva, dois aspectos nutrem a análise da categoria memória: o corpo, enquanto construção simbólica e cultural, e a força ontológica exercida pelo corpo negro, agora protagonista, pelo viés da cosmopercepção.
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