Gestão da política de saúde mental no cotidiano Constribuições da análise da rede de Santos
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Resumo
Os cargos de gestão ocupam papel fundamental para a efetivação da política de saúde mental em nível local. Objetivou-se compreender de que formas esta política se desenvolve no cotidiano, identificando potências e desafios a partir da perspectiva dos/as gestores/as de serviços e da coordenação de saúde mental do município de Santos/SP. Foi realizada pesquisa qualitativa estruturada a partir de registro em diário de campo de três reuniões de um Fórum de Trabalhadores/as de Saúde Mental; da realização de um grupo focal com 10 membros/as de um Colegiado de Gestão e de entrevista semiestruturada com um membro da coordenação de saúde mental do município. Observou-se que há desafios oriundos da construção do trabalho em equipe, da articulação em rede intra e intersetorial e da precarização dos serviços. A relação com as Universidades locais possibilita a integração de estudantes nos serviços, contribuindo para o tensionamento de questões pertinentes ao campo e para a formação continuada dos/as trabalhadores/as. Como forma de fortalecimento da política e visando uma gestão cada vez mais participativa, foram apontados os espaços do Colegiado e do Fórum, porém as discussões e ações desses dispositivos encontram-se despontecializadas de sua função cogestiva pois as mesmas pouco traduzem-se em mudanças concretas. Percebe-se que há certa invisibilidade da contribuição do trabalho da gestão na sustentação do modelo de cuidado antimanicomial. O papel dos/as gestores/as abarca funções administrativas, técnicas, de formulação e realização da política, porém, é tomado por situações emergenciais, sendo esvaziado de sua vertente de produtor da política pública.
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