Corpos secos ou molhados? Representações do suor em duas academias de ginástica do Rio de Janeiro, Brasil

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/2175-8042.2020e61614

Resumo

Embora “suar a camisa” seja uma expressão êmica comum no âmbito das práticas corporais, pouco se têm explorado simbolicamente tal discurso na área de Educação Física. Assim, o objetivo deste trabalho foi compreender em que medida as representações dos praticantes de musculação em academias de ginástica acerca do suor os influenciavam nos seus anseios para o corpo. Pautada pela abordagem antropológica, durante um ano, uma etnografia comparativa foi realizada em duas academias inseridas em contextos socioeconômicos e culturais distintos do Rio de Janeiro. Concluiu-se que a multiplicidade de significados atribuídos ao suor pelos alunos influenciava o engajamento dos mesmos no ato de se exercitar

Biografia do Autor

Alan Camargo Silva, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola de Educação Física e Desportos

Doutor em Saúde Coletiva (IESC / UFRJ).

Jaqueline Ferreira, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Estudos em Saúde Coletiva

Doutora em Antropologia Social pela École des Hautes Études en Sciences Sociales (EHESS, Paris / França)

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Publicado

2020-04-06

Como Citar

SILVA, Alan Camargo; FERREIRA, Jaqueline. Corpos secos ou molhados? Representações do suor em duas academias de ginástica do Rio de Janeiro, Brasil. Motrivivência, Florianópolis, v. 32, n. 61, p. 01–17, 2020. DOI: 10.5007/2175-8042.2020e61614. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/motrivivencia/article/view/2175-8042.2020e61614. Acesso em: 3 dez. 2024.

Edição

Seção

Artigos Originais