“Não torço pra nenhum time, não sei as regras e se me convidam pra jogar eu não jogo”: a relação das meninas menos habilidosas com o conteúdo futebol/futsal nas aulas de Educação Física

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/2175-8042.2023.e86970

Palavras-chave:

Educação física escolar, Futebol, Futsal, Gênero, Mulheres menos habilidosas

Resumo

Os futebóis ainda não se constituem como uma prática integrante na dinâmica de vida de muitas mulheres no Brasil. Para buscar entender as relações e os motivos que as fazem não vivenciar estas determinadas modalidades, este artigo aborda as experiências de mulheres menos habilidosas com as aulas de futebol/futsal na Educação Física escolar. A partir do aporte teórico/metodológico da História Oral foram realizadas dezoito entrevistas com mulheres adultas que tiveram contato com a modalidade na escola, mas que hoje não possuem ligação com estes esportes. Através dos relatos, conclui-se que o desinteresse pelo futebol/futsal por parte das meninas menos habilidosas e a resistência dos meninos em jogar com as meninas, são resultado de tecnologias de gênero que constituem não só os alunos e alunas, mas também os professores/as que acabam sendo agentes que contribuem para as normas sociais de gênero estabelecidas.

Biografia do Autor

Marina Gomes Schönardie, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Possui graduação em Educação Física pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2022). Integra o Grupo de Estudos sobre Esporte, Cultura e História (GRECCO). Tem experiência na área de Educação Física, com ênfase em Futebol.

Pâmela Siqueira Joras, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Possui graduação em Educação Física pela Universidade Federal de Santa Maria - UFSM, especialização em Educação Física Escolar pela UFSM, mestrado em Ciências do Movimento Humano pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS e doutorado no Programa de Pós Graduação em Ciências do Movimento Humano na ESEFID/UFRGS, é integrante do Grupo de Estudos Sobre Esporte, Cultura e História GRECCO - ESEFID/UFRGS. Tem experiência na área de Educação Física, com ênfase em Educação Física e relações de gênero, mulheres e esporte, Educação Física Escolar, e Futsal/Futebol de mulheres.

Martina Burch, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Mestre em Educação Física pela Universidade Federal de Pelotas. Doutoranda em Ciências do Movimento Humano pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Bacharela em Educação Física pela Universidade Federal de Pelotas.

André Luiz dos Santos Silva, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Licenciado e Bacharel em Educação Física pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), Doutor em Ciências do Movimento Humano pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).  Docente dos cursos de Licenciatura e Bacharelado em Educação Física e Pedagogia na Universidade Feevale. Docente dos cursos de Licenciatura e Bacharelado em Educação Física no Centro Universitário Metodista do Sul - IPA.

Referências

ALTMANN, Helena; AYOUB, Eliana; AMARAL, Silvia Cristina Franco. Gênero na prática docente em educação física:" meninas não gostam de suar, meninos são habilidosos ao jogar"? Revista Estudos Feministas, v. 19, p. 491-501, 2011.

ALTMANN, Helena. Rompendo fronteiras de gênero: Marias (e) homens na educação física. 1998.

BALARDIN, Geórgia Fernandes. O futebol feminino no Brasil e nos Estados Unidos: semelhanças e diferenças no esporte. 2016.

BICALHO, Chaiton Washington Cardoso. Brincadeiras infantis e suas implicações na construção de identidades de gênero. Rev Med Minas Gerais, v. 23, n. Supl 2, p. S41-S49, 2013.

BRACHT, Valter; ALMEIDA, Felipe Quintão. Esporte, escola e a tensão que os megaeventos esportivos trazem para a Educação Física Escolar. Em Aberto, v. 26, n. 89, 2013.

CEME. Projeto Garimpando Memórias, Manual Básico. Porto Alegre: Centro de Memória do Esporte - ESEFID/UFRGS, 2017.

COELHO, Jéssica Fernanda Schmitz; MARTINS, Priscila Renata; SILVA, André Luiz dos Santos; BERLESE, Denise Bolzan. Expectativas de gênero e seus atravessamentos nas brincadeiras da educação infantil. Journal of Physical Education, v. 32, 2021.

DAMO, Arlei Sander. Futebóis–da horizontalidade epistemológica à diversidade política. Fulia/Ufmg, v. 3, n. 3, p. 37-66, 2019.

DAMO, Arlei Sander. As dramatizações do gênero numa configuração futebolística. SEMINÁRIO FAZENDO GÊNERO, v. 7, p. 1-7, 2006.

DELGADO, Lucília de Almeida Neves. História oral-memória, tempo, identidades. autêntica, 2017.

DINIS, Nilson Fernandes; LIMA, Francis Madlener de. Pra que time ele joga?: a produção da identidade homossexual em um vídeo educativo. Arquivos Brasileiros de Psicologia, v. 61, n. 1, p. 49-59, 2009.

DORNELLES, Priscila Gomes. Distintos destinos?: a separação entre meninos e meninas na educação física escolar na perspectiva de gênero. 2007.

DORNELLES, Priscila Gomes; TEIXEIRA, David Romão. O ensino do futebol na Educação Física escolar: uma "feminilidade problema" entra em campo. In: Cláudia Samuel Kessler. (Org.). Mulheres na área: gênero, diversidade e inserções no futebol. 1Ed. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2016, v. 1, p. 89-106.

FERNANDES, Simone Cecilia; ALTMANN, Helena. A educação esportiva e gênero na escola pública: posicionamento docente positivo diante do fazer. Gênero e sexualidade no esporte e na educação física, p. 31, 2020.

FINCO, Daniela F. Relações de gênero nas brincadeiras de meninos e meninas na educação infantil. Pro-posições, v. 14, n. 3, p. 89-101, 2003.

FURLAN, Cássia Cristina; SANTOS, Patrícia Lessa. Futebol feminino e as barreiras do sexismo nas escolas: reflexões acerca da invisibilidade. Motrivivência, n. 30, p. 28-43, 2008.

GODOY, Karine Natalie Barra; MOURÃO, Ludmila; OLIVEIRA, Ayra Lovisi; CHAVES, Bruna. Construção das identidades de gênero na infância: os discursos dos brinquedos e brincadeiras. Pensar a Prática, v. 24, 2021.

GOELLNER, Silvana Vilodre. Mulheres e futebol no Brasil: descontinuidades, resistências e resiliências. Movimento, v. 27, 2021.

GOELLNER, Silvana Vilodre. Mulheres e futebol no Brasil: entre sombras e visibilidades. Revista brasileira de educação física e esporte, v. 19, n. 2, p. 143-151, 2005.

GONZÁLEZ, Fernando Jaime; FENSTERSEIFER, Paulo Evaldo; RISTOW, Renato Weiler; GLITZ, Ana Paula. O abandono do trabalho docente em aulas de educação física: a invisibilidade do conhecimento disciplinar. Educación Física y ciencia, v. 15, n. 2, p. 00-00, 2013.

JACO, Juliana Fagundes; ALTMANN, Helena. Significados e expectativas de gênero: olhares sobre a participação nas aulas de educação física. Educação em foco, p. 155-181, 2017.

LAURETIS, Teresa. Tecnologías del género [Internet]. Technologies of gender. Essays on theory, film and fiction. Londres, 1989.

MACEDO, Christiane Garcia; BERTÉ, Isabela Lisboa; GOELLNER, Silvana Vilodre. História oral na era digital: a experiência do projeto Garimpando memórias. História Oral, v.19, n.1, p.41-58, jan./jun.2016.

MACHADO, Thiago da Silva; BRACHT, Valter; FARIA, Bruno de Almeida; MORAES, Claudia; ALMEIDA, Ueberson; ALMEIDA, Felipe Quintão. As práticas de desinvestimento pedagógico na Educação Física escolar. Movimento, v. 16, n. 2, p. 129-147, 2010.

MARIANO, Marina; ALTMANN, Helena. Educação Física na Educação Infantil: educando crianças ou meninos e meninas? Cadernos pagu, p. 411-438, 2016.

MEYER, Dagmar Estermann; SILVA, André Luiz dos Santos. Gênero, cultura e lazer: potências e desafios dessa articulação. LICERE-Revista do Programa de Pós-graduação Interdisciplinar em Estudos do Lazer, v. 23, n. 2, p. 480-502, 2020.

MEYER, Dagmar Estermann. Teorias e políticas de gênero: fragmentos históricos e desafios atuais. Revista brasileira de enfermagem, v. 57, p. 13-18, 2004.

RIBEIRO, Sabrina Silva. Brinquedos e brincadeiras: de meninos ou de meninas?. 2018.

SCOTT, Joan. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação & realidade, v. 20, n. 2, 1995.

SILVA, André Luiz dos Santos; DIEDER, Janaina Andretta; DULLIUS, Rafael Goulart; SANFELICE, Gustavo Roese. “Isso é Cris Ronaldo”: Representações de masculinidade na Copa do Mundo do Jornal Folha de São Paulo. Educación Física y Ciencia, v. 23, 2021.

SILVA, André Luiz dos Santos; MEYER, Dagmar; RIEGEL, Roberta Plangg. Gênero, mulher, crime e violência. Revista Educação em Questão, v. 59, n. 59, 19 jul. 2021.

SOUSA, Eustáquia Salvadora de; ALTMANN, Helena. Meninos e meninas: expectativas corporais e implicações na educação física escolar. Cadernos Cedes, v. 19, p. 52-68, 1999.

SOUZA JÚNIOR, Osmar Moreira; DARIDO, Suraya Cristina. A prática do futebol feminino no ensino fundamental. Motriz, v. 8, n. 1, p. 1-9, 2002.

VIANA, Aline Edwiges S.; ALTMANN, Helena. Meninas e meninos em campo: experiências com o jogo em uma escola de futebol. Revista Mineira de Educação Física, v. 23, n. 1, p. 113-122, 2015.

WENETZ, Ileana; STIGGER, Marco Paulo; MEYER, Dagmar Estermann. As (des)construções de gênero e sexualidade no recreio escolar. Rev. Bras. Educ. Fís. Esporte, São Paulo, v. 27, n. 01, p. 117-128, abr. 2013. Disponível em: http://educa.fcc.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1981-46902013000100012&lng=pt&nrm=iso. Acesso em 05 abr. 2022.

YIN, Robert K. Pesquisa qualitativa do início ao fim. Penso Editora, 2016.

Downloads

Publicado

2023-02-12

Como Citar

Schönardie, M. G. ., Joras, P. S. ., Burch, M. ., & Silva, A. L. dos S. (2023). “Não torço pra nenhum time, não sei as regras e se me convidam pra jogar eu não jogo”: a relação das meninas menos habilidosas com o conteúdo futebol/futsal nas aulas de Educação Física. Motrivivência, 35(66), 1–17. https://doi.org/10.5007/2175-8042.2023.e86970

Edição

Seção

Artigos Originais