Trabalhadores, sindicatos e lutas por direitos na Bahia no final da Segunda Guerra Mundial
DOI:
https://doi.org/10.5007/1984-9222.2019.e66826Resumo
A conjuntura do final da Segunda Guerra Mundial e o processo de democratização no Brasil redimensionaram as perspectivas de participação política e social da classe trabalhadora, após o impacto da escalada repressora que se abateu sobre suas lideranças e organizações, durante a maior parte do Estado Novo. Foi também um contexto de aproximação entre os trabalhadores, o discurso e os organismos jurídicos e administrativos trabalhistas, sobretudo as Delegacias Regionais do Trabalho (DRTs), a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), a Justiça do Trabalho e a estrutura sindical corporativista. Nesse contexto, comunistas, trabalhistas e outras correntes sindicais tanto atuaram conjuntamente, quanto disputaram posições na organização e nas ações reivindicatórias dos trabalhadores. Este artigo analisa as formas como as lideranças sindicais e setores do operariado baiano recepcionaram os discursos do “esforço de guerra”, do queremismo/trabalhismo e da União Nacional [1], procurando apreender as demandas, expectativas e formas de mobilização de sindicalistas e parcelas da classe trabalhadora baiana na luta por direitos, no contexto da redemocratização.
[1] Linha de ação política preconizada pelo PCB a partir da Conferência da Mantiqueira, realizada em agosto de 1943, que se desdobrou no apoio dos comunistas ao esforço de guerra, na defesa da Constituinte com Getúlio e na adesão ao “queremismo”.
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