“Costuma fornecer a diversas pessoas drogas abortivas”: o ofício das parteiras, disputas profissionais e sociabilidades femininas (Porto Alegre, RS, Primeira República)
DOI:
https://doi.org/10.5007/1984-9222.2020.e75240Resumo
O artigo versa sobre o ofício das parteiras, sua importância social, as disputas por clientela e as sociabilidades femininas que giravam em torno deste exercício profissional. A parteira era uma presença limite entre a vida e a morte, entre um bom parto e um desfecho indesejado. Era ela que trazia a criança ao mundo, cortava o cordão umbilical, cuidava da mulher que acabara de parir, limpava o recém-nascido, providenciava (às vezes, no próprio pátio da casa dos pais) o enterro do natimorto, batizava os nascidos in periculo mortis, amadrinhava os sobreviventes. A análise dessa trabalhadora da saúde usa documentos judiciários como observatórios sociais e através deles maneja o cruzamento com outras fontes, procurando as experiências sociais das agentes ali presentes, tanto no exercício do ofício como recebendo atendimentos diversos. Parte das mulheres que aparecem neste artigo, se consultando ou usando efetivamente os serviços das parteiras, são trabalhadoras do serviço doméstico, assim, também versaremos sobre questões desse universo laboral. O lócus de nossa pesquisa é a cidade de Porto Alegre, capital do estado do Rio Grande do Sul, na parte mais meridional do Brasil.
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