Ler e escrever arquivos: uma prática tradutória em educação
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-795X.2019.e54650Resumo
Este texto pensa os processos de ler e escrever como modos de traduzir os arquivos existentes. Tomando como aporte teórico o pensamento da diferença proposto por autores como Roland Barthes, Michel Foucault e Jacques Derrida, além de teorizações literárias acerca da tradução com o poeta e tradutor brasileiro Haroldo de Campos, o texto compreende o arquivo como texto vivo e aberto às interferências do leitor e escritor, que ao ler reescreve o texto, traduzindo-o criticamente. A partir desta perspectiva, defende a reinvenção de textos originais pelo educador-tradutor, na medida em que transcria as matérias que transitam nos arquivos pelo veio da leitura-e-escrita. Baseado em tal premissa, o texto conclui que a prática de ensinar só é possível porque o educador transforma as matérias do currículo e da didática por meio de uma tradução transcriadora e crítica dos arquivos.
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