O uso de articuladores no texto acadêmico-argumentativo: uma intervenção pedagógica sobre a escrita de estudantes de pedagogia a distância
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-795X.2020.e65466Resumo
Este artigo é resultado de uma tese de doutorado que objetivou investigar a evolução da escrita de acadêmicas de um curso de Pedagogia a distância de uma universidade do Sul do Brasil, por meio de uma pesquisa do tipo intervenção pedagógica. Sua relevância ancora-se nos resultados alarmantes relativos ao uso/domínio da escrita, inclusive entre os universitários brasileiros. A situação preocupa, sobremaneira, nos casos de futuras professoras alfabetizadoras da Educação Básica. As pesquisas do tipo intervenção pedagógica são investigações que envolvem o planejamento e a implementação de interferências (mudanças, inovações pedagógicas) destinadas a produzir avanços, melhorias, aprimoramentos em processos educacionais – e a posterior avaliação dos seus efeitos. Durante sete semestres, foram realizadas atividades pedagógicas sistematizadas orientadas e minucioso acompanhamento-interventivo sobre as produções textuais das acadêmicas. O referido estudo adotou como base teórico-metodológica a Teoria Histórico-Cultural, em profícuo diálogo com a Linguística Textual. Os dados da investigação foram coletados via análise documental (dos textos produzidos), questionário e entrevista. Os dados das análises dos textos foram cruzados com os depoimentos das acadêmicas, produzindo resultados comunicados via análise textual discursiva. Neste recorte, destacamos os resultados relativos à evolução linguística quanto ao uso de articuladores textuais nas escritas das acadêmicas, mediante o processo interventivo empreendido, com destaque para: o aumento proporcional do uso de articuladores nos textos; a diminuição da proporção de erros no uso desses recursos e; o aumento do repertório de articuladores textuais. O êxito da intervenção desmistifica preconceitos sobre “problemas de escrita” como se não fosse possível solucioná-los.
Referências
BAUER, Martin W. GASKELL, George. Pesquisa Qualitativa com Texto, Imagem e Som: um manual prático. Petrópolis: Vozes, 2002.
BEAUGRANDE, Robert de; DRESSLER, Wolfgang U. Introduction to Textual linguistics. (Max Niemeyer Verlag Trad. Inglesa). Londres: Longman, 1981.
BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. 37 ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009.
BEREITER, Carl, SCARDAMALIA, Marlene. The Psychology of Written Composition. New Jersey: Lawrence Erlbaum Associates, 1987.
CASTRO, Rafael F. de. A expressão escrita de acadêmicas de um curso de pedagogia a distância: uma intervenção Histórico-Cultural. 2014. 238f. Tese (Doutorado) – Programa de Pós-Graduação em Educação. Universidade Federal de Pelotas, Pelotas.
DAMIANI, Magda F.; CASTRO, Rafael F. de; ROCHEFORD, Renato S.; PINHEIRO, Silvia; DARIZ, Marion R. Discutindo pesquisas do tipo intervenção pedagógica. Cadernos de Educação, Pelotas, v. 45, n. 1, 22p, 2013.
DAMIANI, Magda. F.; ALVES, Clarice; FRISON, Lourdes B. MACHADO, Rejane F. A escrita acadêmica: análise e intervenção. Linguagem & Ensino, Pelotas, v. 14, n. 1, p. 249-271, jul/dez, 2011.
FREITAS, Maira Tereza A. O pensamento de Vygotsky nas reuniões da ANPEd (1998-2003). Educação e Pesquisa, São Paulo, v.30, n.1, p.109-138, 2004.
FURLANETTO, Maria M. Tenho um trabalho na cabeça. Linguagem em Discurso, Florianópolis, v. 1, n. 1, p. 13-24, 2001.
HALLIDAY, Michael A. K. Explorations in the Functions of Language. London: Edward Arnold, 1973.
INAF. Indicador de Alfabetismo Funcional | INAF Brasil 2018. São Paulo: Ação Educativa, 2009.
KOCH, Ingedore. G. V. A coesão textual. 22. ed. São Paulo: Contexto, 2010.
KOCH, Ingedore G. V. Desvendando os segredos do texto. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2003.
LURIA, A. R. A construção da mente. Ícone: São Paulo, 1992.
MORAES, Roque. Uma tempestade de luz: a compreensão possibilitada pela análise textual discursiva. Ciência & Educação, Bauru, v. 9, n. 2, p. 191-211, 2003.
PISA. Programme for International Student Assessment. Disponível em: https://www.oecd.org/pisa/pisa-2015-brazil.htm. Acesso em: 12 fev 2018.
RAMIRES, Vicentina. Leitura e produção escrita de universitários. Revista de Letras, Fortaleza, vol. 1/2, n. 24, p. 34-42, 2002.
SAEB. Sistema de Avaliação da Educação Básica. Disponível em: http://portal.inep.gov.br/web/guest/educacao-basica/saeb/resultados. Acesso em: 13 dez 2018.
SELAU, Bento; CASTRO, Rafael F. de. Cultural-historical approach: educational research in different contexts. Bento Selau e Rafael Fonseca de Castro (Orgs.). Porto Alegre: EDIPUCRS, 2015.
SFORNI, M. S. F.; GALUCH, M. T. B. Aprendizagem conceitual e apropriação da linguagem escrita: um diálogo necessário. Anais do... 29ª Reunião Anual da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (ANPEd), 29, 2006, Caxambu. Caxambu: 2006.
SOARES, Magda. Alfabetização e Letramento. 5 ed. São Paulo: Contexto, 2008.
SUEHIRO, Adriana C. Dificuldade de aprendizagem da escrita num grupo de crianças do ensino fundamental. PSIC – Revista de Psicologia da Vetor Editora, São Paulo, v. 7, n. 1, p. 59-68, 2006.
VITÓRIA, Maira Inês C.; CHRISTÓFOLI, Maria Conceição P. A escrita no Ensino Superior. Revista Educação, Santa Maria, v. 38, n.1, jan./abr. 2013, p. 41-54.
VYGOTSKI, L. S. Obras Escogidas Tomo I (La consciencia como problema de la psicología del comportamiento). Madrid: Aprendizaje Visor y Ministerio de Educación y Ciencia, 1925/1991.
VYGOTSKI, L. S. Obras Escogidas Tomo III (Historia del Desarrollo de las Funciones Psíquicas Superiores). Madri: Visor, 1931/1995.
VYGOTSKY, L. S. Obras Escogidas Tomo II (Pensamiento Y Lenguaje). Moscú: Editorial Pedagógica, 1934/1982.
WELLS, Gordon. Indagación Dialógica: hacia una teoría y una práctica socioculturales de la educación. Barcelona: Paidós, 2001.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2020 Rafael Fonseca de CASTRO, Magda Floriana DAMIANI

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Esta revista proporciona acesso público a todo seu conteúdo, seguindo o princípio de que tornar gratuito o acesso a pesquisas gera um maior intercâmbio global de conhecimento. Tal acesso está associado a um crescimento da leitura e citação do trabalho de um autor. Para maiores informações sobre esta abordagem, visite Public Knowledge Project, projeto que desenvolveu este sistema para melhorar a qualidade acadêmica e pública da pesquisa, distribuindo o Open Journal Sistem (OJS) assim como outros software de apoio ao sistema de publicação de acesso público a fontes acadêmicas. Os nomes e endereços de e-mail neste site serão usados exclusivamente para os propósitos da revista, não estando disponíveis para outros fins.
A Perspectiva permite que os autores retenham os direitos autorais sem restrições bem como os direitos de publicação. Caso o texto venha a ser publicado posteriormente em outro veículo, solicita-se aos autores informar que o mesmo foi originalmente publicado como artigo na revista Perspectiva, bem como citar as referências bibliográficas completas dessa publicação.