Da sequela docente à querela epistemológica: o ensinar cansado de uma Geografia enferma
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-795X.2022.e84002Palavras-chave:
Educação Geográfica, Professores, AdoecimentoResumo
Assim como qualquer outra área da Ciência, a Epistemologia da Educação Geográfica está em constante renovação. Hora e outra surge alguma nova tendência educacional e a indicação de renovação das bases filosóficas que sustentam a Geografia Escolar. Nesse artigo, pensamos a Epistemologia da Educação Geográfica a partir do adoecimento dos professores de Geografia como impeditivo das realizações existenciais e, como consequência, dos sentidos que os professores atribuem a sua prática. Chegamos à essa consideração por meio da interpretação fenomenológica-hermenêutica de asserções de diferentes autores sobre a Educação Geográfica que, nas generalidades de seus sentidos, corroboram com as metas de formar cidadãos ativos, educar a partir de e para a realidade dos educandos e educar para a transformação. Entretanto, as descrições das condições e organizações do trabalho docente demonstraram que, na prática cotidiana da sala de aula os professores experienciam o adoecimento como impeditivo das realizações pessoais, e da própria Educação Geográfica.
Referências
APPLE, M. W. Maetros y textos: una economia politica de las relaciones de clase y de sexo en educación. Barcelona: Paidós, 1989.
BICUDO, M. A. V. A pesquisa qualitativa fenomenológica: interrogação, descrição e modalidades de análise. In: BICUDO, M. A. V. (Org.). Pesquisa qualitativa segundo a visão fenomenológica. 1. ed. São Paulo: Editora Cortez, 2011c, p. 41-74.
BICUDO, M. A. V. A pesquisa qualitativa olhada para além dos seus procedimentos. In: BICUDO, M. A. V. (Org.). Pesquisa qualitativa segundo a visão fenomenológica. 1. ed. São Paulo: Editora Cortez, 2011a, p. 11-28.
BICUDO, M. A. V. Aspectos da pesquisa qualitativa efetuada em uma abordagem fenomenológica. In: BICUDO, M. A. V. (Org.). Pesquisa qualitativa segundo a visão fenomenológica. 1. ed. São Paulo: Editora Cortez, 2011b, p. 29-40.
BOSS, M. Angústia, culpa e libertação. São Paulo: Duas Cidades, 1975.
BOSS, M. O modo de ser esquizofrênico à luz de uma fenomenologia daseinsanalítica. Revista da Associação Brasileira de Daseinsanálise, São Paulo, 3, 5-27, 1977.
Cardinalli, I. A saúde e a doença mental segundo a fenomenologia existencial. Revista da Associação Brasileira de Daseinsanalyse, São Paulo, 15/16, 98-114, 2011.
CASTROGIOVANNI, A. C.; CAMRA, M. A; LUZ, R. R. S; ROSSATO, M. S. Ensino da Geografia - caminhos e encantos. 2. ed. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2011. v. 1. 111p.
DEJOURS, C. A Loucura do Trabalho: Estudo de Psicopatologia do Trabalho. São Paulo: Cortez, 1987.
Delory-Momberger, C. (2016). A experiência da doença: um tocar do existir. Revista da FAEEBA – Educação e Contemporaneidade, Salvador, vol. 25, núm. 46, pp. 25-31. Disponível em: https://www.revistas.uneb.br/index.php/faeeba/ article/download/2698/1827. (acesso em: 15-03-2017).
ESPÓSITO, V. H. C. A Escola: Um enfoque fenomenológico. São Paulo: Escuta, 1993. 120 p.
ESTEVE, J. M. O mal-estar docente: a sala de aula e a saúde dos professores. São Paulo: EDUSC. 1999.
ESTEVE, J. M. A terceira revolução educacional: a educação na sociedade do conhecimento. São Paulo: Moderna, 2004.
ESTEVE, J. M. O mal-estar docente. 3. ed. Barcelona: Paidós, 1994.
FEIJOO, A. M. L. C. ; Protásio, M. ; SILVA, J. N. . A psicopatologia em uma perspectiva daseinsanalítica. Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental (Impresso) , v. 18, p. 92-103, 2015.
FERNANDES, M. A. Consciência, vivência e vida: um percurso fenomenológico. In: Revista de abordagem gestáltica. v. 16, n. 1, jan/jul, 2010, p. 29-41.
FREITAS, L. C. Os reformadores empresariais da educação e a disputa pelo controle do processo pedagógico na escola. Educação e Sociedade, Campinas, v. 35, n. 129, p. 1085-1114. out./dez., 2014.
GARCIA, M. M. A.; ANADON, S. B. Reforma educacional, intensificação e autointensificação do trabalho docente. Educação e Sociedade, Campinas, v. 30, n. 06, p. 63- 86, jan./abr., 2009.
HEIDEGGER, M. Ser e tempo. Tradução de Fausto Castilho. Campinas: Editora da Unicamp, 2012.
KLUTH, V. E. A rede de significados: imanência e transcendência: a rede de significação. In: Fenomenologia: confrontos e avanços. São Paulo: Editora Cortez, 2000, p. 105-139.
MARTINS, J.; BICUDO, M. A. V. A Pesquisa Qualitativa em Psicologia: fundamentos e recursos básicos. São Paulo: EDUC-MORAES, 1989.
MIARKA, Roger. Concepções de mundo de professores de matemática e seus horizontes antevistos. 2008. 162 f. Dissertação (mestrado) - Instituto de Geociências e Ciências Exatas, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Rio Claro, 2008. Disponível em: Concepções de mundo de professores de matemática e seus horizontes antevistos (unesp.br). Acesso em: 03 ago. 2021.
NÓVOA, A. Currículo e docência: a pessoa, a partilha, a prudência. In: GONSALVES, E.; PEREIRA, M. Z.; CARVALHO, M. E. (Org.). Currículo e contemporaneidade: questões emergentes. Campinas: Alínea, 2004. p. 17-29.
OLIVEIRA, D. A. A Reestruturação do trabalho docente: precarização e flexibilização. Educação e Sociedade, V. 25, N° 89, 2004.
OLIVEIRA, L. Novos Desafios na Formação do Professor de Geografia. Revista Geografares, v. 1, p. 61-64, 2003.
OLIVEIRA, Lívia. Que é Geografia? Sociedade & Natureza, Uberlândia, v. 11, p. 89-95, 1999.
ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO. A condição dos professores: recomendação internacional de 1966: um instrumento para a melhoria da condição dos professores. Genebra: OIT/ UNESCO, 1984.
PONTUSCHKA, N. N. Licenciandos de Geografia e as Representações sobre o Ser Professor. Terra Livre, São Paulo, n.11, p. 189-206, 1996.
SANTOS, J. R. ; FERREIRA, L. G. . Desenvolvimento profissional, vida e carreira: história de professores atingidos pelo mal-estar docente. Educação e Emancipação (UFMA), v. 9, p. 108-137, 2016.
SOUZA, E. C. Existir para resistir: (auto)biografia, narrativas e aprendizagens com a doença. Revista FAEEBA, v. 25, p. 59-74, 2016.
WETTISTEIN, G. O que se deveria ensinar em Geografia hoje. In: OLIVEIRA, Ariovaldo Umbelino de (Org.). Para onde vai o ensino da geografia? São Paulo: Contexto, 1989.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2022 Antonio Bernardes, Felipe Costa Aguiar, Regina Célia Frigério
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Esta revista proporciona acesso público a todo seu conteúdo, seguindo o princípio de que tornar gratuito o acesso a pesquisas gera um maior intercâmbio global de conhecimento. Tal acesso está associado a um crescimento da leitura e citação do trabalho de um autor. Para maiores informações sobre esta abordagem, visite Public Knowledge Project, projeto que desenvolveu este sistema para melhorar a qualidade acadêmica e pública da pesquisa, distribuindo o Open Journal Sistem (OJS) assim como outros software de apoio ao sistema de publicação de acesso público a fontes acadêmicas. Os nomes e endereços de e-mail neste site serão usados exclusivamente para os propósitos da revista, não estando disponíveis para outros fins.
A Perspectiva permite que os autores retenham os direitos autorais sem restrições bem como os direitos de publicação. Caso o texto venha a ser publicado posteriormente em outro veículo, solicita-se aos autores informar que o mesmo foi originalmente publicado como artigo na revista Perspectiva, bem como citar as referências bibliográficas completas dessa publicação.