Saberes estético-corpóreos em “Alma no Olho” de Zózimo Bulbul: possibilidades para uma educação antirracista
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-795X.2022.e86771Palavras-chave:
Cinema Negro, Educação antirracista, Saberes estéticocorpóreosResumo
Como dispositivos de enunciação (cultural, social, ideológica) os filmes nos educam, nos ensinam modos de ser e agir no mundo. Cientes desta singularidade do papel cinematográfico, dirigimos nossa atenção as possibilidades (trans)formativas e antirracistas do Cinema Negro brasileiro. Amparados teórica e metodologicamente nos Estudos Culturais e em seus atravessamentos com os estudos étnico-raciais, midiáticos e educacionais, buscamos compreender de que modo o curta-metragem “Alma no Olho”, de Zózimo Bulbul, manifesta saberes estético-corpóreos capazes de apontar para possibilidades pedagógicas antirracistas. Bulbul é reconhecidamente um dos precursores da proposta do Cinema Negro e “Alma no Olho”, objeto de análise da pesquisa, apresenta formulações estéticas afro-diaspóricas de contestação ao regime racista de representação das populações negras. É no interior destas relações (culturais, pedagógicas, raciais, fílmicas) que interrogamos, como problema de pesquisa: de que modo o curta-metragem “Alma no Olho”, de Zózimo Bulbul, manifesta saberes estético-corpóreos capazes de apontar para possibilidades pedagógicas antirracistas? Neste batimento teórico-interpretativo, reconhecemos que o corpo de Bulbul, em “Alma no Olho”, anuncia uma performance filosófica de denúncia ao racismo e ao processo de colonização, e aponta, ao mesmo tempo, para a libertação e afirmação das identidades e dos conhecimentos das populações negras, demonstrando, pedagogicamente, que é possível rompermos com o pacto da branquitude [whiteness] e suas formas de educar.
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