Autopoiese e pensamento complexo: reflexões para (re)pensar a Educação na contemporaneidade
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-795X.2024.e94630Palavras-chave:
Educação, Currículo, Formação humanaResumo
O ensino tradicional, via formação fragmentada e especializada, não mais atende às demandas formativas na contemporaneidade, o que exige dos educadores (re)pensar a Educação e seus pressupostos formativos, (re)pensar as formas de compreender e agir no processo educativo, para, então, desvelar outras possibilidades didático/pedagógicas e formativas. Diante disso, o presente estudo objetiva refletir sobre princípios epistemológicos da autopoiese, propostos por Maturana e Varela (1997), e sobre as bases do pensamento complexo, cunhado por Morin (2005). A partir do diálogo com esses autores, o estudo reconhece tais bases como fundamentos e possibilidades para (re)pensar a Educação. A problemática emerge do questionamento: quais pressupostos epistemológicos e formativos podem sustentar uma proposição formativa em domínios contemporâneos? Metodologicamente, o estudo é de abordagem qualitativa, do tipo bibliográfico, de natureza interpretativa e reflexiva. As reflexões apontam para uma formação em que há espaço para si e para o outro, com identidades singulares, em ambientes para conversar e colaborar, respeitando a diversidade das formas vivenciais e dos saberes. Conclui-se ser urgente resgatar fundamentos de respeito e responsabilidade para com o ser, o fazer-se e o sentir-se humano; compreender que o amar e a afetividade propulsionam ações colaborativas e solidárias, assim como a diversidade de experiências formativas levam a superação da lógica fragmentária, das desigualdades e da indiferença; e que (re)pensar a Educação no viés da autopoiese e da complexidade demanda um currículo menos fragmentado e mais integrador, aberto para experiências pedagógicas de reflexões, curiosidade e criatividade priorizando uma formação para viver em convívio.
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