Corporeidades e brincadeiras na educação infantil: uma mirada a partir dos estudos de gênero
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-795X.2024.e96059Palavras-chave:
Infância, Gênero, Educação infantilResumo
Atentas à necessidade de elaboração de medidas de prevenção de violências de gênero nas discussões curriculares, propomos refletir sobre os desdobramentos dos estudos de Gênero e Teorias Feministas no fazer pedagógico (Louro, 2000). O objetivo deste trabalho é descrever as relações/noções que as crianças constroem sobre seus corpos e analisar o modo como as mediações pedagógicas resultam na circulação de saberes de gênero. Trata-se de um estudo sobre as práticas sociais de profissionais de educação infantil, especificamente as relações estabelecidas nas brincadeiras e jogos das crianças. A presente pesquisa se desenvolve no decorrer do pós-doutoramento, a partir de uma metodologia qualitativa com crianças entre 5 e 6 anos de idade de uma instituição de Educação Infantil (NDI/CED/UFSC). Identificou-se, como resultado principal, a presença de reproduções sociais desiguais e as violências estruturais-simbólicas (Cantera, 2007) As crianças demonstram querer compreender seus corpos, bem como os nomear e atribuir significados diversos, sinalizando também a necessidade de intervir no cotidiano das relações que elas estabelecem entre si, com seu corpo e com o outro, uma vez que essas interações estão relacionadas a modos de prevenção de violências de gênero.
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