A construção da identidade do(a) professor(a) negro(a)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/2175-795X.2024.e98249

Palavras-chave:

Identidade Negra, Docência, Linguagem, Filosofia

Resumo

O sujeito professor(a) é quem delimita e agencia os conteúdos de ensino e aprendizagem em sala de aula – num espaço que se configura pela diversidade. Orienta sua prática docente a partir de diversos discursos, que vão da formação inicial e continuada, passando por livros didáticos aos documentos oficiais de ensino e ainda pelas políticas públicas de educação. A (des)construção da identidade deste(a) profissional se constitui de vozes das mais diversas esferas de produção, dentre elas o Estado com o discurso das diretrizes normativas, como a Base Nacional Comum Curricular (BNCC –2018) e as propostas curriculares estaduais e municipais, que se desdobram no Projeto Político Pedagógico das escolas e nos planos de ensino. A efetivação da lei 10.639/03 e posteriormente a 11.645/08, e a consequente temática relacionada à identidade negra, preconceito racial e às questões relativas à ancestralidade do povo brasileiro, têm gerado tensões e conflitos no interior da escola, fora dela, e ainda na identidade deste sujeito. A nossa proposta, neste artigo, é fazer uma reflexão sobre a (des)construção da identidade deste(a) profissional no seu processo de ensino-aprendizagem a partir da inclusão da educação das relações étnico-raciais e antirracista, tendo como ponto de partida Santa Catarina – um estado com um histórico (assim como no resto do País) de racismo estrutural e institucional. Além desta reflexão, vamos apontar possibilidades para uma práxis na educação das relações ético-raciais e antirracista a partir da Pedagogia da Ancestralidade.

Biografia do Autor

Carlos Alberto Silva da Silva, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina

Atualmente (2022) em estágio pós-doutoral em Educação pelaUniversidade Federal de Santa Catarina, UFSC, SC, Brasil. Possui graduação em Letras pela Fundação Universidade Regional de Blumenau (1997), mestrado em Literatura pela Universidade Federal de Santa Catarina, UFSC, SC, Brasil, (2003) e doutorado em Ciências da Linguagem pela Universidade do Sul de Santa Catarina (2016). Intelectual orgânico do Movimento Negro. Professor substituto do Instituto Federal de Santa Catarina (2022), professor substituto da Universidade Regional de Blumenau (2022), professor colaborador da Universidade do Estado de Santa Catarina (2018), professor colaborador da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (2019). Membro associado da Associação Brasileira de Pesquisadores(as) Negros(as) (ABPN). Membro associado da Associação Latino-Americana de Estudos do Discurso (ALED). Membro pesquisador do Núcleo de Estudos Afro-brasileiro da Universidade Regional de Blumenau (Neab/Furb - CNPq); integrante do grupo de estudos Linguagem, Enunciação, Discurso (LED/CNPq, Unicamp); integrante do grupo de estudos Língua em Contato (UFSC); integrante do grupo de estudos Semiótico LabOrino (USP) e integrante do Alteritas - Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Diferença, Arte e Educação da UFSC/CNPq.

Jeane Vanessa Santos Silva, Universidade Federal de Santa Catarina

É Doutora em Filosofia nas áreas de Lógica e Epistemologia pela Universidade Federal de Santa Catarina, UFSC, SC, Brasil. É professora do Centro de Educação da Universidade Federal de Santa Catarina, UFSC, SC, Brasil, no Departamento de Estudos Especializados em Educação; coordenadora do projeto de extensão "Capoeira da Ilha" e Instrutora de Capoeira no Coletivo Capoeira Angola Palmares de Florianópolis, coordenado pelo Mestre Polegar; Líder do Grupo ALTERITAS - Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Diferença, Arte e Educação. Atualmente desenvolve pesquisas na áreas: Relações Étnico-raciais, Pensamento Decolonial e Filosofia Africanas e Afrodiaspóricas e Epistemologias Emancipatórias. Membro da Cátedra Antonieta de Barros de Combate ao Racismo e Promoção da Igualdade Racial.

 

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Publicado

2024-09-23

Como Citar

Silva, C. A. S. da, & Santos Silva, J. V. (2024). A construção da identidade do(a) professor(a) negro(a). Perspectiva, 42(3), 1–16. https://doi.org/10.5007/2175-795X.2024.e98249

Edição

Seção

Dossiê Relações Étnico-Raciais e Ações Afirmativas na América Latina e Caribe