Vigilantismo e periferização smart: uma abordagem transfeminista
DOI:
https://doi.org/10.1590/1806-9584-2025v33n1104270Palavras-chave:
segurança pública, periferias, tecnologias de controle, cidades inteligentes, pessoas transResumo
Nos últimos anos, os projetos de segurança pública no Rio de Janeiro têm sido promovidos como soluções para a violência, sendo usados como instrumentos por setores conservadores. No entanto, tais iniciativas falham em reduzir a violência, intensificando o controle sobre populações periféricas, em especial pessoas negras e LGBTI+, com um foco acentuado em pessoas trans e travestis. O uso de tecnologias de reconhecimento facial e algoritmos de vigilância amplia as desigualdades sociais, marginalizando ainda mais essas populações. Esse fenômeno, aqui descrito como “periferização smart”, evidencia o fracasso dessas tecnologias em promover segurança e inclusão reais, especialmente no contexto das chamadas “cidades inteligentes”. O estudo critica a eficácia dessas tecnologias e expõe como as políticas de segurança, sob a retórica de inovação tecnológica, perpetuam a exclusão social e o controle.
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