Economia sexual macua: reciprocidade, sexualidade e gênero em Moçambique

Autores

DOI:

https://doi.org/10.1590/1806-9584-2024v32n188159

Palavras-chave:

macua, gênero, sexo, economia sexual, reciprocidade

Resumo

O mito de origem da matrilinearidade macua conecta relações sexuais e trocas econômicas entre mulheres e homens. O objetivo deste artigo é analisar as continuidades nas concepções de sexualidade e agência das mulheres macua por meio do mito. Este artigo é baseado na pesquisa etnográfica realizada pela primeira autora durante 12 meses (2018-2019). Os resultados mostram uma atualização do mito para a realidade macua, submersa na economia global e que serve como instrumento para redefinir e renegociar as relações de gênero.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

ANE SESMA GRACIA, Universidad de Granada

É doutora em estudos da mulher e de gênero no departamento de antropologia da Universidade de Granada. Faz também parte do grupo de investigação AFRICAInEs. Possui mestrado em Antropologia pela Universidade Federal da Bahia.

Soledad Vieitez Cerdeño , Universidad de Granada

Possui doutorado (2000) em Antropologia Social pela Universidade da Califórnia, Santa Bárbara (EUA). Especialista em Estudos da Mulher e de Género, bem como em Estudos Africanos, com especialidade em economia, género, cultura e desenvolvimento da região africana a sul do Sahara, a sua investigação aborda a análise do impacto das transformações sociais, políticas e económicas nas relações e nos papéis de género, bem como nas alternativas femininas africanas ao modelo de “desenvolvimento” prevalecente e/ou aos novos movimentos sociais e de mulheres africanos.

Roser Manzanera Ruiz, Universidad de Granada

É professora do Departamento de Sociologia e pesquisadora membro do Instituto Universitário de Estudos da Mulher e do Gênero, ambos da Universidade de Granada. Doutor em Antropologia Social pela Universidade de Granada (2009), após graduar-se em Antropologia Social pela Universidade de Barcelona (2002). Investigador Principal do Grupo AFRICAiNEs: Estudos e Pesquisas de Desenvolvimento Aplicado (SEJ-491).

Referências

AMADIUME, Ifi. Hijas que son varones y esposos que son mujeres: Género y sexo en una sociedad africana. Barcelona: Bellaterra, 2018.

ARNFRED, Signe. Sexuality and gender politics in Mozambique: Rethinking Gender in Africa. London: James Currey, 2011.

ARNFRED, Signe. “Female Sexuality as Capacity and Power? Reconceptualizing Sexualities in Africa”. African Studies Review, v. 58, n. 3, p. 149-170, 2015a.

ARNFRED, Signe. “Notas sobre gênero e modernização em Moçambique”. Cadernos Pagu, n. 45, p. 181-224, 2015b.

BIDAURRATZAGA, Eduardo; COLOM, Artur. “Las industrias extractivas en Mozambique: ¿amenaza u oportunidad para el desarrollo?”. Revista CIDOB d’Afers Internacionals, n. 110, p. 189-211, 2015.

COLE, Jennifer. “Fresh contact in Tamatave, Madagascar: Sex, Money, and Intergenerational Transformation”. American Ethnologist, v. 31, n. 4, p. 573-588, 2004.

CORNWALL, Andrea. “Spending power: love, money, and the reconfiguration of gender relations in Ado-Odo, southwestern Nigeria”. American Ethnologist, v. 29, n. 4, p. 963-980, 2002.

COSSA, Segone. Corpos ubíquos: um estudo etnográfico sobre a construção social dos corpos em Moçambique. 2014. Mestrado (Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social) - Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil.

CUNHA, Teresa; CASIMIRO, Isabel. “Epistemologías del sur y alternativas feministas de vida: las cenicientas de nuestro Mozambique quieren hablar”. In: ALBERDI, Jokin et al. (Eds.). Territorios en conflicto. Claves para la construcción de alternativas de vida. Gernika: Asociación de Investigación por la Paz Gernika Gogoratuz, 2019. p. 71-118.

FEDERICI, Silvia. Revolución en punto cero: trabajo doméstico, reproducción y luchas feministas. España: Traficantes de Sueños, 2013.

GEFFRAY, Christian. A causa das armas. Antropologia da guerra contemporânea em Moçambique. Porto: Edições Afrontamento, 1991.

GEFFRAY, Christian. Nem pai, nem mãe. Crítica do parentesco: o caso macua. Lisboa: Caminho, 2000.

GOUGH, Kathleen. “The modern disintegration of matrilineal descent groups”. In: SCHNEIDER, David M.; GOUGH, Kathleen (Eds.). Matrilineal Kinship. Berkeley: University of California Press, 1961.

GROES-GREEN, Christian. “‘To put men in a bottle’: eroticism, kinship, female power, and transactional sex in Maputo, Mozambique”. American Ethnologist, v. 40, n. 1, p. 102-117, 2013.

HAKIM, Catherine. Capital erótico. Barcelona: Debate, 2011 (2010).

HARAWAY, Donna. “Saberes Localizados: a questão da ciência para o feminismo e o privilégio da perspectiva parcial”. Cadernos Pagu, n. 5, p. 7-40, 1995.

HUNTER, Mark. “The materiality of everyday sex: thinking beyond ‘prostitution’”. African Studies, v. 61, n. 1, p. 99-119, 2022.

INE. Anuário Estatístico. Maputo: Instituto Nacional de Estatística, 2017.

LERMA, Francisco. O povo Macua e a sua cultura. Maputo: Paulinas Editorial, 2009.

MAOLA, Joaquim; CEBOLA, Geraldo. “O impacto da cultura sobre a sexualidade entre os makhuwas da Província de Nampula do Norte de Moçambique.” NJINGA e SEPÉ, v. 1, n. 2, p. 293-306, 2021.

MEDEIROS, Eduardo. A representação da mulher nas estruturas do poder tradicional. Maputo: UNESCO/FNUAP, 1984.

MEDEIROS, Eduardo. As Etapas da Escravatura no Norte de Moçambique. Estudos 4. Mozambique: Universidade Eduardo Mondlane, 1988.

MEDEIROS, Eduardo. História de Cabo Delgado e do Niassa (C. 1836-1929). Mozambique, Central Impressora/Patrocinado pela Cooperação Suíça, 1997.

MENESES, Maria Paula. “Corpos de violência, linguagens de resistência: as complexas teias de conhecimentos no Moçambique”. Revista Crítica de Ciências Sociais, n. 8, p. 161-188, 2008.

MOSCA, João; SELEMANE, Tomás. El Dorado Tete: os mega projectos de mineração. Maputo: Centro de Integridade Pública, 2011.

OSÓRIO, Conceição; MACUACUA, Ernesto. Os ritos de iniciação no contexto atual: ajustamentos, rupturas e confrontos. Construindo identidades de género. Maputo: WLSA Moçambique, 2013.

OYĚWÙMÍ, Oyèronké. La invención de las mujeres: na perspectiva africana sobre los discursos occidentales del género. Colombia: La Frontera, 2017.

PETERS, Pauline E.. “Introduction”. Critique of Anthropology, v. 17, n. 2, p. 125-146, 1997a.

PETERS, Pauline E.. Against the Odds: Matriliny, land and gender in the Shire Highlands of Malawi. Critique of Anthropology, v. 17, n. 2, p. 189-210, 1997b.

PINHO, Osmundo. “O ‘destino das mulheres e de sua carne’: regulação de gênero e o Estado em Moçambique”. Cadernos Pagu, n. 45, p. 157-179, 2015.

RICHARDS, Audrey I.. “Mother-right among the central Bantu”. In: EVANS-PRITCHARD, Evans E. et al. (Eds.). Essays Presented to C.G. Seligman. London: Kegan Paul, Trench, Trubner & Co, 1934. p. 267-279.

RICHARDS, Audrey I.. “Some types of family structure amongst the central Bantu”. In: RADCLIFFE-BROWN, Alfred R.; FORDE, Darryl (Eds.). African Systems of Kinship and Marriage. London: Oxford University Press, 1950. p. 207-251

RICHARDS, Audrey. I.. Chisungu: A Girl's Initiation Ceremony Among the Bemba of Zambia. London: Routledge, 1982.

SANTOS, Helena. “Reflexões sobre perspectivas africanas de gênero”. Cadernos Pagu, [En línea]. Campinas, 2020, n. 58, e205813.

SCHNEIDER, David M.; GOUGH, Kathleen (Eds.). Matrilineal Kinship . Berkeley: University of California Press, 1961.

TEMUDO, Marina Padrão. “Between ‘forced marriage’ and ‘free choice’: social transformations and perceptions of gender and sexuality among the Balanta in Guinea-Bissau”. Africa, v. 89, n. 1, p. 1-20, 2019.

Publicado

2024-05-27

Como Citar

SESMA GRACIA, A., Vieitez Cerdeño , S., & Manzanera Ruiz, R. (2024). Economia sexual macua: reciprocidade, sexualidade e gênero em Moçambique. Revista Estudos Feministas, 32(1). https://doi.org/10.1590/1806-9584-2024v32n188159

Edição

Seção

Artigos

Artigos Semelhantes

<< < 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 > >> 

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.