Vulnerabilidade de gênero e raça e os desastres socionaturais

Autores

DOI:

https://doi.org/10.1590/1806-9584-2024v32n192823

Palavras-chave:

gestão de riscos, gênero, desastre, interseccionalidade, BATER

Resumo

O risco a desastres é resultado de um longo processo de vulnerabilização das comunidades expostas aos fenômenos hidrológicos e/ou geológicos. O contexto socioeconômico e as desigualdades de gênero e raça agravam esta condição, gerando impactos diferenciais em determinados grupos. Sendo este um cenário crônico no Brasil, faz-se necessário investigar a construção sócio-histórica e a condição das áreas de risco nas cidades com recorrência de eventos como movimentos de massa e inundações. Para tanto, busca-se aqui analisar as condições sociais e materiais de vulnerabilidade de mulheres residentes nas áreas de risco a escorregamentos em Santos, São Paulo. A partir de uma metodologia qualiquantitativa, com métodos estatísticos e de cartografia, as discussões trazem elementos para compreender como e por que as mulheres, principalmente as não brancas, são mais afetadas pelos desastres.

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Biografia do Autor

Talita Gantus de Oliveira, Unicamp

É geóloga pela UFOP (Universidade Federal de Ouro Preto) e mestra em Geologia pela UFPR (Universidade Federal do Paraná), com ênfase em Geologia Ambiental. Doutora em Geociências pela UNICAMP, na linha Política e Gestão dos Recursos Naturais. Integra o Grupo de Pesquisa em Geologia de Engenharia Ambiental e Gestão de Riscos (CNPq/UNICAMP). Atualmente, compõe a diretoria nacional da Associação Brasileira de Mulheres nas Geociências (ABMGeo).

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Publicado

2024-05-27

Como Citar

Gantus de Oliveira, T. (2024). Vulnerabilidade de gênero e raça e os desastres socionaturais. Revista Estudos Feministas, 32(1). https://doi.org/10.1590/1806-9584-2024v32n192823

Edição

Seção

Artigos