Dos fios que se interpenetram na tecelagem: um conceito para os estudos feministas
DOI:
https://doi.org/10.1590/1806-9584-2022v30n277384Palavras-chave:
estudos feministas, pesquisa participante, pesquisa autobiográfica, interpenetraçãoResumo
Aprendemos junto aos grupos de estudos e pesquisa nos quais estamos inseridas e
pesquisamos. Uma das aprendizagens realizadas, durante nossos percursos profissionais, tem sido articular os estudos feministas, a pesquisa participante e a pesquisa autobiográfica. Neste artigo, apresentamos nossa compreensão sobre a integração desses três aspectos, os quais produzem nosso “fazer pensar” pesquisa em Educação por meio do conceito de interpenetração, que é uma técnica da tecelagem manual. Revela fios que se juntam, mas não se confundem, formando desenhos. Sendo assim, essa técnica é utilizada como metáfora para pensar em nossa opção metodológica. Partindo dessas análises, tal conceito representa a busca de um “fazer pensar” fecundo com as mulheres excluídas dos processos formais de Educação, mas que se educam na vida, nas resistências diárias à subjugação de gênero, classe e raça e, igualmente, no mundo do trabalho.
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