Atenção à crise no campo da saúde mental O acolhimento como dispositivo clínico

Conteúdo do artigo principal

Volnei Antonio Dassoler
Analice Palombini

Resumo

Neste artigo daremos protagonismo à crise em sua extensão clínica na atual política pública de saúde mental em nosso país. O estudo problematiza as práticas de cuidado com usuários sem história prévia de sofrimento mental grave e contínuo. De maneira geral, a natureza desta demanda associa-se a acontecimentos traumáticos, aos contextos do luto, do suicídio e das perdas e conflitos amorosos e profissionais. Pela regularidade dos casos no cotidiano dos serviços de saúde, a abordagem do tema é relevante tanto em seu valor clínico, quanto pela importância que ocupa nos rumos do projeto reformista. Situados no campo da psicanálise e da atenção psicossocial, a noção de crise é compreendida como um momento específico da existência expresso por um sofrimento agudo que condensa uma série de afetos e impasses próprios à heterogeneidade dos modos de viver na contemporaneidade. Do ponto de vista clínico e institucional, postulamos o acolhimento - em sua dimensão simbólica - como dispositivo privilegiado de tratamento à crise em pacientes sem transtorno grave e contínuo nos diferentes níveis de atenção em saúde.

Detalhes do artigo

Como Citar
DASSOLER, Volnei; DE LIMA PALOMBINI , Analice. Atenção à crise no campo da saúde mental: O acolhimento como dispositivo clínico . Cadernos Brasileiros de Saúde Mental/Brazilian Journal of Mental Health, [S. l.], v. 14, n. 39, p. 62–86, 2022. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/cbsm/article/view/80474. Acesso em: 3 dez. 2024.
Seção
Política de Saúde Mental no Brasil e Atenção Psicossocial
Biografia do Autor

Volnei Antonio Dassoler, UFRGS

Doutor em Psicologia Social e Institucional pela UFRGS

Analice Palombini, UFRGS

doutorado em Saúde Coletiva pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro

Referências

AMARANTE, Paulo. Loucos pela vida: a trajetória da reforma psiquiátrica no Brasil. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 1998.

ANSERMET, François. La crisis, entre el corte y el tempo. 2015. Acesso em: 26 ago. 2020.

AZEVEDO, Elaine. Da pressa à urgência do sujeito - psicanálise e urgência subjetiva. Analytica, São João del-Rei, v. 7, n. 13, p. 208-217, jul./dez. 2018.

BARONI, Cláudia.; KAHHALE, Edna. Possibilidades da psicanálise lacaniana diante da terminalidade: uma reflexão sobre a clínica da urgência. Psicologia Hospitalar, São Paulo, v. 9, n. 2, p. 53-74, 2011.

BAUMAN, Zigmunt. O mal-estar da pós-modernidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998.

BAUMAN, Zigmunt. Tempos líquidos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2007.

BAUMAN, Zigmunt. Vida líquida. 2ª ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2009.

BIRMAN, Joel. Medicalização e sociedade: Efeitos de Cultura, efeitos de sujeito. In: ARMANDO, G.G.; MENEZES, L.S.; VIEIRA, P. Medicação ou medicalização. São Paulo: Primavera Editorial, 2014, p. 41-56.

BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei 10.216, de 06 de abril de 2001. Dispõe sobre a proteção e os direitos dos portadores de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 9 abr. 2001.

CORBISIER, Cláudia. A escuta da diferença na emergência psiquiátrica. In: BEZERRA JR., B.; AMARANTE, P. (orgs.). Psiquiatria sem hospício: contribuições ao estudo da reforma psiquiátrica. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1992, p. 9-15.

COSTA, Monica Silva da. Construções em torno da crise: saberes e práticas na atenção em saúde mental e produção de subjetividades. Arquivos Brasileiros de Psicologia, Rio de Janeiro, v. 59, n. 1, p. 94-108, 2007.

LEGUIL, Francois. Reflexiones sobre la urgencia. In: BIALER, M. et al. La urgencia: el psicoanalista en la práctica hospitalaria. Buenos Aires: Ricardo Vergara, 1990, p. 23-28.

LEITE, Sonia. Emergência psiquiátrica e psicanálise: o que se aprende e o que se trata. In: BARROS, R.; DARRIBA, V. (orgs.). Psicanálise e Saúde: entre o Estado e o sujeito. Rio de Janeiro: Companhia de Freud, 2015. p. 135-150.

MACEDO, Monica.; FALCÃO, Carolina. A escuta na psicanálise e a psicanálise da escuta. Psychê, São Paulo, v. 9, n. 15, p. 65-76, jan./jun., 2005.

MIGUELEZ, Oscar. Medicina, psiquiatria e psicanálise. In: ARMANDO, G.G.; MENEZES, L.S.; VIEIRA, P. Medicação ou medicalização. São Paulo: Primavera Editorial, 2014.

PROCHNO, Caio Cesar.; BESSA, Wellington. Os efeitos da contemporaneidade nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). Subjetividades, Fortaleza, v. 16, n. 3, p. 21-33, dez. 2016.

RECHTAND, Mauro; LEAL, Erotildes. Notas sobre a emergência psiquiátrica. Cadernos do IPUB, Rio de Janeiro, v. 7, n. 17, 2000.

SELDES, Ricardo. Pausa: uma porta para a subjetividade hoje. In: INSTITUTO DE CLÍNICA PSICANALÍTICA DO RIO DE JANEIRO. Urgência sem emergência? Rio de Janeiro: Subversos, 2008.

SOUZA, Polibio José. Resposta à crise: a experiência de Belo Horizonte. In: NILO, K. et al. (org.). Política de Saúde Mental de Belo Horizonte: o cotidiano de uma utopia. Belo Horizonte: Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte, 2008, p. 111-127.

SOTELO, Ines. O que um psicanalista faz em uma emergência? In: SOTELO, I. Perspectivas da clínica de emergência. Buenos Aires: Grama, 2009, p. 23-30.

SOTELO, Ines. DATUS: Dispositivo analítico para tratamiento de urgencias subjetivas. Buenos aires: Grama, 2015.

TENÓRIO, Fernando. (2000). Desmedicalizar e subjetivar: A especialidade da clínica da recepção. In: A Clínica da Recepção nos Dispositivos de Saúde Mental. Instituto de Psiquiatria. Cadernos IPUB, vol. 17, 2000, p. 80-91

VIGANÓ, Carlo. Novas Conferências. Org. Wellerson Alkmin. Belo Horizonte: Scriptum, 2012.

Artigos Semelhantes

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 > >> 

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.