Ficção do horror e a alegoria do monstruoso: interfaces entre psicanálise e estudos queer

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/1807-1384.2025.e104306

Palavras-chave:

psicanálise, estudos queer, cinema de horror, infamiliar, monstruosidade

Resumo

Este artigo investiga as interfaces entre psicanálise, estudos queer e cinema de horror, destacando o potencial desse gênero em abordar questões de gênero, sexualidade e identidade. Por meio de um enfoque teórico baseado em conceitos como "Das Unheimlich", a abjeção e o retorno do reprimido, analisam-se narrativas cinematográficas que mobilizam o monstruoso e o infamiliar para revelar fantasias inconscientes e transgressões normativas. Filmes como The Rocky Horror Picture Show são explorados como exemplos emblemáticos de como o horror articula o estranho e o abjeto para problematizar normas de gênero e sexualidade, além de desafiar hierarquias simbólicas e sociais. O estudo aponta que o cinema de horror, ao integrar aspectos do inconsciente e da crítica cultural, oferece uma perspectiva enriquecedora para compreender dinâmicas psíquicas e culturais contemporâneas. Conclui-se que o horror, enquanto linguagem estética, é um campo de resistência que contribui para ampliar debates psicanalíticos e culturais sobre diferença e alteridade.

Biografia do Autor

Lucas Dourado Leão, Instituto Fortiori de Pesquisa em Saúde e Educação

Graduação em Psicologia pela Universidade da Amazônia-UNAMA (2017). Especialista em Saúde Mental (2020), Aprimoramento em Psicologia Clínica - Psicanálise (2018-2019) pelo Instituto Fortiori e Pós-graduando em Psicanálise pela Inspirar (2018-2020). Psicólogo Clínico e Responsável Técnico do Instituto Fortiori (2018-atualmente), Coordenador do Projeto de Extensão Psicologia nas Ruas e Coordenador Adjunto do Grupo de Diálogo Universidade-Cárcere-Comunidade no Hospital Geral Penitenciário e CTM-2. Atua em consultório particular com psicoterapia de base psicanalítica e avaliação psicológica.

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Publicado

08.05.2025

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Artigos