A eugenia em 1968: Afonso Rabe e o "direito de nascer sadio"

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/1807-1384.2025.e108840

Palavras-chave:

Eugenia, Puericultura, Biopolítica, Teoria do Capital Humano

Resumo

Este trabalho tem como objetivo principal compreender a enunciação da eugenia pelo médico brasileiro e professor de puericultura Afonso Rabe em seu livro “Noções de Higiene, Educação Sanitária e Puericultura, publicado em 1968, identificando as condições de possibilidade dessa sua enunciação. A análise está ancorada nos conceitos de enunciado, biopolítica e governamentalidade propostos por Michel Foucault, e sustenta que a enunciação da eugenia feita por Afonso Rabe está relacionada com a Teoria do Capital Humano e a percepção do “neoliberalismo americano” na sociedade brasileira, principalmente na segunda metade do século XX. O artigo inicia discutindo os modos como os discursos eugenistas se inscrevem no tempo presente, na sequência apresenta um breve cenário das duas principais correntes de discursos eugenistas no Brasil durante o século XX e conclui com a análise do enunciado encontrado no livro de Afonso Rabe.

Biografia do Autor

Viegas Fernandes da Costa, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina

Doutorando no Programa de Pós-graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas, Universidade Federal de Santa Catarina, Professor de História do Instituto Federal de Santa Catarina, integra o NEPPI – Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Profissões e Instituições.

Myriam Mitjavila, Universidade Federal de Santa Catarina,Universidade Federal de Santa Catarina ,Universidade Federal de Santa Catarina

Doutora em Sociologia pela Universidade de São Paulo, Professora Titular da Universidade Federal de Santa Catarina nos programas de Pós-Graduação em Sociologia Política e de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas da Universidade Federal de Santa Catarina, líder do NEPPI – Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Profissões e Instituições.

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Publicado

29.12.2025

Edição

Seção

Dossiê: Vigiar e Punir: tecnologias do eu cinquenta anos depois. Organização: Dr. Atilio Butturi Junior