Notas sobre as implicações psicossociais da violência na baixa prostituição feminina na cidade de Fortaleza/CE
DOI:
https://doi.org/10.5007/1807-1384.2017v14n1p176Resumo
Este artigo visa problematizar as implicações psicossociais da violência na baixa prostituição na cidade de Fortaleza/CE, buscando analisar as dinâmicas da violência e identificar suas expressões psicossociais no cotidiano das prostitutas. As violências contra prostitutas encontram-se veladas no universo da violência de gênero, reproduzindo a lógica de silenciamento que envolve a violência contra a mulher mesmo ocorrendo comumente no espaço público. A pesquisa teve uma perspectiva etnográfica, contou com a participação de 7 interlocutoras formais e utilizou a Análise de Conteúdo como referência. As análises apontam que a dinâmica da baixa prostituição é atravessada pelos arranjos territoriais, estando os códigos e regras da zona de prostituição em constante disputa com o território. A violência articula-se como uma teia relacional que acaba por impedir o reconhecimento do outro (classe, gênero ou raça/etnia) mediante o uso da força física e/ou simbólica, minando as possibilidades de diálogo, por um lado, e criando outros códigos, formas de interação e performances sociais, por outro.
Referências
ANGROSINO, M. Etnografia e Observação Participante. Porto Alegre: Artmed, 2009.
BARDIN, L. Análise de Conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2001.
BARRETO, L. PROSTITUIÇÃO, GÊNERO E SEXUALIDADE: Hierarquias sociais e enfrentamento no contexto de Belo Horizonte. 2008. 154 f. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-graduação em Psicologia, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2008.
CIDADE; E. C.; MOURA JR., J. F.; XIMENES, V. M. Implicações psicológicas da pobreza na vida do povo latino-americano. Psicol. Argum., Curitiba, v. 30, n. 68, p. 87-98, jan./mar. 2012.
COSTA, M. R; PIMENTA, C. A. M. A violência: natural ou sociocultural?. São Paulo: Paulus, 2006.
FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. 41. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2004.
GÓIS, C. W. L. Psicologia Comunitária no Ceará: uma caminhada. Fortaleza: Publicações Instituto Paulo Freire, 2003.
GÓIS, C. W. L. Psicologia clínico-comunitária. Fortaleza: Banco Nordeste, 2012.
MARTIN-BARÓ, I. Poder, ideologia y violência. Madrid, Trotta, 2003.
MARTINS, K. O.; LACERDA JR., F. A Contribuição de Martín-Baró para o Estudo da Violência: uma apresentação. Revista Psicologia Política, São Paulo, v. 14. n. 31, p. 569-589, set./ dez. 2014.
MAYORGA, C. A. B. Algumas contribuições do feminismo à Psicologia Social Comunitária. Athenea Digital, Barcelona, v. 14, n. 1, p. 221-236, mar. 2014. Disponível em: <http://atheneadigital.net/article/view/v14-n1-mayorga >. Acesso em: 13 Mai. 2014. http://dx.doi.org/10.5565/rev/athenead/v14n1.1089.
MINAYO, M. C. S. Conceitos, teorias e tipologias de violência: a violência faz mal à saúde individual e coletiva. In: NJAINE, K.; ASSIS, S. G.; CONSTANTINO, P. (Org.). Impactos da violência na saúde. Rio de janeiro: Fundação Oswaldo Cruz, 2009. p. 24-35.
NEPOMUCENO, B. B. Pobreza e saúde mental: uma análise psicossocial a partir da perspectiva de usuários do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS). 2012. 151f. Dissertação (Mestrado), Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2013.
NEPOMUCENO, B. B.; SILVA, L. B.; XIMENES, V. M. Estratégias de enfrentamento à pobreza: uma análise a partir de estudos realizados com pessoas em sofrimentos psíquicos e com prostitutas. In: XIMENES, V.M. et al. (Org.), Implicações psicossociais da pobreza: diversidades e resistências. Fortaleza: Expressão gráfica e editora, 2016. p. 337-365.
NOGUEIRA, C. Feminismo e Discurso do Género na Psicologia Social. Psicologia e Sociedade, Belo Horizonte, v. 13, n. 1, p. 107-128, 2001.
OLIVAR, J. M. N. Prostituição feminina e direitos sexuais…diálogos possíveis? Sexualidad, Salud y Sociedad - Revista Latinoamericana, Rio de Janeiro, v. 11, p. 88 -121, ago. 2012. Disponível em: < http://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/SexualidadSaludySociedad/article/view/2681 . Acesso em: jul 2013.
PERES, M. F. T.; RUOTTI, C.; VICENTIN, D. Violência: Definição, tipos e representações. In WESRPHAL, M.F.; BYDLOWSKI, C. R. (Org.). Violência e juventude. São Paulo, SP: Hucitec, 2010. p. 40-58.
PINHEIRO, V. Socialização, violência e prostituição. 2006. 131f. Tese (Doutorado), Programa de pós-graduação em Educação, Universidade estadual de São Paulo, São Paulo, 2006.
PINO, A. As marcas do humano: às origens da constituição cultural e a criança na perspectiva de Lev. S. Vigotski. São Paulo, Cortez, 2005.
PISCITELLI, A. Apresentação: gênero no mercado do sexo. Cadernos Pagu, Florianópolis, v. 25, p. 7-23, jul/dez. 2005. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/cpa/n25/26520.pdf >. Acesso em: out 2012. http://dx.doi.org/10.1590/S0104-83332005000200001.
RAMOS, F. R. L. A danação do objeto: o museu no ensino de história. Chapecó: Argos, 2004.
RODRIGUES, M. T. A prostituição no Brasil contemporâneo: um trabalho como outro qualquer? Rev. Katál. Florianópolis, v. 12, n. 1, p. 68-76, jan/jun. 2009. Disponível em: < https://periodicos.ufsc.br/index.php/katalysis/article/view/S1414-49802009000100009/10242>. Acesso em 14 out. 2013. http://dx.doi.org/10.1590/S1414-49802009000100009
ROSTAGNOL, S. Regulamentação: controle social ou dignidade do/ no trabalho?. In: FÁBREAS-MARTINEZ, A. I.; BENEDETTI, M. R. (Org.). Na batalha – identidade, sexualidade e poder no universo da prostituição. Porto Alegre: Decasa, Palmarica, 2000. p. 95 – 107.
RUBIN, G. Pensando sobre sexo: notas para uma teoria radical da política da sexualidade. Cadernos Pagu, Campinas, v. 21, p. 1-88, 2003.
SAFFIOTI, H. I. B. Gênero, patriarcado, violência. São Paulo: Função Perseu Abramo, 2004.
SANTOS, M. Espaço e Método. 4. ed. São Paulo: Nobel, 1997.
SANTOS, C. W.; IZULMINO, W. P. Violência contra as Mulheres e Violência de Gênero: Notas sobre Estudos Feministas no Brasil. Revista Eletrônica Estudios Interdisciplinarios de América Latina y El Caribe, Tel Aviv, v. 16, n. 1, 2016.
VYGOTSKY, L. S. Manuscrito de 1929. Educ. Soc. [online], Campinas, v. 21, n. 71, p. 21-44, jul. 2000. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/es/v21n71/a02v2171.pdf>. Acesso em: nov. 2012. http://dx.doi.org/10.1590/S0101-73302000000200002
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
Autores e autoras mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons - Atribuição 4.0 Internacional que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online após a sua publicação (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) já que isso pode aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).