Para a saúde da criança. A educação do trabalhador nas teses médicas e nos jornais operários (São Paulo, início do século XX)

Autores/as

  • Liane Maria Bertucci Universidade Federal do Paraná

DOI:

https://doi.org/10.5007/1984-9222.2015v7n13p27

Resumen

O artigo discute como em São Paulo, nas primeiras décadas dos novecentos, o saber médico-científico, expresso de maneira privilegiada em teses da Faculdade de Medicina e Cirurgia da cidade, embasou propostas educacionais de doutores e permeou discussões e ações de trabalhadores relacionadas à questão da saúde da criança operária (entendida como criança trabalhadora ou filha de operários ou trabalhadores), dentro e fora da fábrica, no período de maior influência de ideias anarquistas entre o operariado de São Paulo (da virada para o século XX até os anos 1920). Destaco as discussões sobre o trabalho infantil e sobre a mulher-mãe operária, responsável primeira pela saúde dessas crianças.

Biografía del autor/a

Liane Maria Bertucci, Universidade Federal do Paraná

Doutora em História, pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) 2002. Estágio de Pós-doutorado na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), 2012-2013. Professora de História da Educação no Departamento de Teoria e Fundamentos da Educação (UFPR). Áreas: História da saúde e do trabalho relacionadas à educação, ciência da saúde, práticas de cura, saúde pública.

 

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Publicado

2016-03-08

Cómo citar

BERTUCCI, Liane Maria. Para a saúde da criança. A educação do trabalhador nas teses médicas e nos jornais operários (São Paulo, início do século XX). Revista Mundos do Trabalho, Florianópolis, v. 7, n. 13, p. 27–42, 2016. DOI: 10.5007/1984-9222.2015v7n13p27. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/mundosdotrabalho/article/view/1984-9222.2015v7n13p27. Acesso em: 12 jul. 2024.