Adolescentes e suas más companhias: lunáticos, criminosos, e pervertidos sexuais [sobre a obra Adolescence de Stanley Hall]
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-795X.2015v33n2p739Resumo
Nas duas últimas décadas do século XIX verifica-se nos Estados Unidos atenções se concentrando sobre a criança, tanto nos estudos sobre a infância – que desembocaram na institucionalização de um novo campo de investigação, o “child study” – quanto nas práticas de socialização – que incluíram o chamado “kindergarten movement”. Na virada do século XX, começam a ser publicados trabalhos sobre o adolescente e a adolescência, seminais quer em relação ao tema quer em relação às disciplinas que emergiam ou caminhavam para a consolidação no campo acadêmico, tais como: Sociologia e Antropologia, no primeiro caso, e Psicologia, no segundo. Esse fenômeno é especialmente visível nos Estados Unidos, onde são flagrantes as associações entre adolescência e criminalidade, assim como o são as referências à obra de G. Stanley Hall, Adolescence: its psychology and its relations to physiology, anthropology, sociology, sex, crime, religion and education, publicada pela primeira vez em 1904, considerada matriz das futuras pesquisas no âmbito dos estudos sociais e psicológicos. Ainda que tenham contribuído para borrar o mito da criança imaculada, os experimentos com crianças de Hall não chegaram a perfilá-las com os endiabrados; no entanto, o adolescente de Hall veio a lume acompanhado dos “primitivos” e “selvagens”, assim como dos criminosos, loucos, e sexualmente desajustados, ou seja, a adolescência como conceito psicossocial nasceu referida aos grupos mais baixos na escala evolutiva. Hall explica toda a adolescência com base na teoria da recapitulação, tanto o seu desenvolvimento fisiológico como o seu crescimento intelectual e social.
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