Teaching Science, Interculturality and Decoloniality: possibilities and challenges through fishing with the timbó

Authors

DOI:

https://doi.org/10.5007/2175-795X.2021.e66708

Abstract

Timbó composes the Kurâ-Bakairi mythology. Timbó fishing is carried out by some indigenous groups with the use of a liana, popularly known as timbó, which, after being "crushed" in the water, intoxicates the fish. This paper aims to analyze how timbó fishing constitutes itself as a theme of teaching Nature Sciences in a Kurâ-Bakairi indigenous school, based on the subjects' statements about pedagogical practices in this school reality in the light of critical interculturality and decoloniality in teaching. This study has a qualitative methodological approach of the descriptive type and ethnographic perspective as well, being carried out in a school of the Kurâ-Bakairi people of the village Aturua, Paranatinga - MT. The data were constituted in two stages. The first stage consisted of the observation, made in several trips to this village. In the second, fundamental in the constitution of the results presented in this article, the data were collected through the dialogue between researchers, science teachers, and community representatives. The data indicate that, although they use the same Didactic Book of non-indigenous Brazilian schools, these teachers reaffirm this challenge from the possibilities brought by the selection of contents and the dialogue with the ancestral knowledge Kurâ-Bakairi. Therefore, these practices announce the gathering between the different knowledge, as defended in the critical intercultural perspective. Thus, considering the defense of the decoloniality, one discusses how the fishing with the timbó constitutes an interstitial space for the intercultural dialogue in Science teaching and it contributes to the breakup/overcoming of the coloniality of knowledge/power in that school.

Author Biographies

Yasmin Lima de Jesus, Universidade Federal de Sergipe (UFS)

Graduada em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Sergipe (UFS). Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática (PPGECIMA/UFS), com bolsa CAPES. Grupos de Pesquisa: GEPIADDE e NEABI. E-mail: yasminlima.9@gmail.com

Edinéia Tavares Lopes, Universidade Federal de Sergipe (UFS)

Doutora e Pós-Doutora em Educação. Profa. Associada da Universidade Federal de Sergipe (UFS) e membro do Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática e do Programa de Pós-Graduação em Educação, ambos da UFS. Grupos de Pesquisa: GEPIADDE e NEABI. E-mail: edineia.ufs@gmail.com e edineia.ufs@pq.cnpq.br.

References

BAKHTIN, M. Os gêneros do discurso. In: ______. Estética da Criação Verbal. Introdução e tradução do russo de Paulo Bezerra. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

BARROS, E. P. Os Filhos do sol: História e Cosmologia na Organização Social de um povo Karib: os Kurâ-Bakairi. São Paulo: EdUSP, 2003.

BHABHA, Homi. K. O local da cultura. Tradução de Myriam Ávila, Eliana Lourenço de Lima Reis e Gláucia Gonçalves. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2013.

BOGDAN, R.; BIKLEN, S. Investigação qualitativa em educação: uma introdução à teoria e aos métodos. Portugal: Porto, 2003.

CACHAPUZ, A. et al. A necessária renovação do ensino das ciências. São Paulo: Cortez, 2011.

CANDAU, V. M. F.; RUSSO, K. Interculturalidade e Educação na América Latina: uma construção plural, original e complexa. Rev. Diálogo Educ., Curitiba, v. 10, n. 29, p. 151-169, jan./abr. 2010.

CASSIANI, S. Reflexões sobre os efeitos da transnacionalização de currículos e da colonialidade do saber/poder em cooperações internacionais: foco na educação em ciências. Ciênc. Educ., Bauru, v. 24, n. 1, p. 225-244, 2018.

CHALMERS, A. F. O que é ciência afinal?. São Paulo: Brasiliense, 1993.

COLLET, C. L. C. Ritos de civilização e cultura: a escola Bakairi. Tese (Doutorado em Antropologia Social). Museu Nacional/Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2006.

COPPETE, M. C.; FLEURI, R. M.; STOLTZ, T. Educação para a diversidade numa perspectiva intercultural. Revista Pedagógica – Unochapecó, ano 15, n. 28, v. 01, jan./jun. 2012.

ESCOBAR, A. Mundos y conocimientos de otro modo: el programa de inves¬tigación de modernidad/colonialidade latinoamericano. Tabula Rasa, n. 1, p. 51-86, Ene.-Dic. 2003.

FLEURI, R. M. Intercultura e Educação. Revista Brasileira de Educação, n. 23, maio/jun./jul./ago. 2003.

FLEURI, R. M. Interculturalidade, identidade e decolonialidade: desafios políticos e educacionais. Série Estudos, n. 37, p. 89-106, jan./jun. 2014.

FLEURI, R. M. O que significa Educação Intercultural. In: ______. Educação para a diversidade e cidadania. Módulo 2: Introdução Conceitual – Educação para a Diversidade e Cidadania. Florianópolis: MOVER/NUP/CED/EAD/UFSC, 2009.

FREIRE, P. Cartas à Guiné-Bissau: registros de uma experiência em processo. 2. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978.

FREIRE, P. Pedagogia da tolerância. Organização de Ana Maria Araújo Freire. São Paulo: Editora UNESP, 2014.

GEERTZ, C. A interpretação das culturas. Rio de janeiro: LCT Editora, 1989.

GEERTZ, C. O saber local: novos ensaios em antropologia interpretativa. Tradução de Vera Melo Jocelayne. 8 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2006.

GIL-PÉREZ, D.; MONTORO, I. F.; ALÍS, J. C.; CACHAPUZ, A.; PRAIA, J. Para uma imagem não deformada do trabalho científico. Ciência e Educação, v. 7, n. 2, p. 125-153, 2001.

GROSFOGUEL, R. Para descolonizar os estudos de economia política e os estudos pós-colo-niais: transmodernidade, pensamento de fronteira e colonialidade global. In: SAN¬TOS, B. S.; MENEZES, M. P. (Orgs.). Epistemologias do Sul. Coimbra: Edições Almedina, 2009.

GRUPIONI, L. D. B. Do nacional ao local, do federal ao estadual: as leis e a Educação Escolar Indígena In: Legislação Escolar Indígena - Congresso Brasileiro de Qualidade na Educação: formação de professores (1: 2001: Brasília). Anais... Congresso Brasileiro de Qualidade na Educação: formação de professores: educação indígena. Marilda Almeida Marfan (Orgs.). Brasília: MEC, SEF, 2002.

JESUS, Y. L. Potencialidades e desafios ao ensino de ciências em uma escola indígena Kurâ-Bakairi a partir da pesca com o timbó: perspectivas intercultural e decolonial. 2019. 160f. Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciências e Matemática) Universidade Feral de Sergipe, São Cristóvão. 2019.

LÉVI-STRAUSS, C. O pensamento selvagem. Tradução de Tânia Pellegrini. 12. ed. Campinas, SP: Papirus, 2012.

LOPES, E. T. Ensino-Aprendizagem de Química na Educação Escolar Indígena: O Uso do Livro Didático de Química em um Contexto Bakairi. Química Nova na Escola, v. 37, p. 249-256, 2015.

LOPES, E. T.; COSTA, E. V.; MOL, G. S. Educação em Ciências e Ensino de Química: perspectivas para a pesca com o timbó na voz de alunos de uma escola indígena brasileira. Revista Fórum Identidades, v. 15, p. 1-27, 2014.

LOPES, E. T. Conhecimento Bakairi cotidianos e conhecimentos químicos escolares: perspectivas e desafios. Tese (Núcleo de Pós-Graduação em Educação). Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão-SE, 2012.

MORTIMER, E. F. Sobre chamas e cristais: a linguagem cotidiana, a linguagem científica e o ensino de ciências. In: CHASSOT, A. I.; OLIVEIRA, R. J. Ciência, ética e cultura na educação. São Leopoldo: Unisinos, 1998.

QUIJANO, Aníbal. “Bien vivir”: entre el “desarrollo” y la des/colonialidad del poder. Viento Sur, n. 122, maio 2012.

QUIJANO, A. Colonialidad del poder, eurocentrismo y América Latina. In: LANDER, L. (Org.). La colonialidad del saber: eurocentrismo y ciencias sociales: perspectivas latinoamericanas. Buenos Aires: CLACSO, 2000. p. 122-146.

ROSA, S. C. S.; LOPES, E. T. Tendências das publicações brasileiras sobre a formação de professores indígenas em ciências da natureza. Revista de educação em ciências e matemática, v. 14, p. 108-120, 2018.

ROSA, S. C. S. A formação de professores indígenas em Ciências da Natureza, na região Norte do Brasil: algumas reflexões. Dissertação (Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática). Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão-SE, 2018.

SAITO, M. L.; LUCCHINI, F. substâncias obtidas de plantas e a procura por pesticidas eficientes e seguros ao meio ambiente. Jaguaritina: EMBRAPACNPMA, 1998.

SANTOS, B. S.; MENESES, M. P. Epistemologias do Sul. 2. ed. Coimbra: G. C. Gráfica de Coimbra, LDA, 2010.

TAUKANE, D. Y. Educação escolar entre os Kurâ-Bakairi. Cuiabá, MT: Edição da Autora, 1999.

WALSH, C. (Ed.). Pedagogías decoloniales: prácticas insurgentes de resistir, (re)existir y (re)vivir. Tomo I. Quito, Ecuador: Ediciones Abya-Yala, 2013. 553p.

WALSH, C. Interculturalidad y (de)colonialidad: Perspectivas críticas y políticas. Visão Global, Joaçaba, v. 15, n. 1-2, p. 61-74, jan./dez. 2012.

WALSH, C. Interculturalidad, Estado y Sociedad. Luchas (de)coloniales de nuestra época. Quito: Universidad Andina Simón Bolívar, Editorial Abya-Yala, 2009.

WALSH, C. Interculturalidad, colonialidad y educación. Revista Educación y Pedagogía, v. XIX, n. 48, may.-ago, 2007.

Published

2021-02-23

How to Cite

Lima de Jesus, Y., & Tavares Lopes, E. (2021). Teaching Science, Interculturality and Decoloniality: possibilities and challenges through fishing with the timbó. Perspectiva, 39(2), 1–21. https://doi.org/10.5007/2175-795X.2021.e66708

Issue

Section

Dossiê Linguagem, literatura e decolonialidade: caminhos para pensar a educação em ciências