Abolicionismos feministas e redes de cuidado: os ativismos e suas práticas insurgentes

Autores

DOI:

https://doi.org/10.1590/1806-9584-2025v33n3107941

Palavras-chave:

mulheres encarceradas, cuidado, ativismos, abolicionismo, saídas temporárias

Resumo

No artigo, discuto a emergência de ativismos feministas desencarceradores que têm deslocado, nos últimos 15 anos, a gramática do humanitarismo para a denúncia contundente do racismo do sistema punitivo e reivindicando sua abolição. A partir de levantamento documental, observação participante e entrevistas com as fundadoras de três coletivos - Amparar, Libertas e Por Nós - busco retratar o modo como as ativistas mobilizam uma rede de cuidados em torno das mulheres encarceradas, na cena das saídas temporárias, tensionando o paradigma punitivo moderno, ao evocarem, em seu lugar, práticas e epistemologias insurgentes orientadas pela justiça social, racial e reprodutiva.

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Biografia do Autor

Alessandra Teixeira, Universidade Federal do ABC

É Professora adjunta da Universidade Federal do ABC desde 2015. Doutora (2012) e mestra (2007) em Sociologia pela FFLCH/USP (Universidade de São Paulo), bacharela em Direito pela Universidade Mackenzie (1997). Bolsista produtividade do CNPq (PQ2) desde 2021. Líder do Grupo de Pesquisa do CNPq: Resistências: Memória, controle social e interseccionalidades.

 

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Publicado

2025-12-02

Como Citar

Teixeira, A. (2025). Abolicionismos feministas e redes de cuidado: os ativismos e suas práticas insurgentes. Revista Estudos Feministas, 33(3). https://doi.org/10.1590/1806-9584-2025v33n3107941

Edição

Seção

Seção Especial: Seminário Internacional Fazendo Gênero 13

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