As reverberações coloniais das traduções da livraria do Globo no Brasil da década de 1930

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/2175-7968.2019v39n2p95

Resumo

Este artigo investiga o começo do Brasil pós-colonial sob a ótica de uma de suas editoras mais proeminentes, a Livraria do Globo, procurando definir as ligações entre a tradução literária e o poder colonial supostamente em retrocesso. Em uma análise de nove traduções de textos originários de língua inglesa lançadas por aquela editora na década de 1930, o que inicialmente parecia fazer pouco sentido em termos de coerência de política editorial na verdade acabou por evidenciar uma influência colonial ainda bastante presente. França, Portugal e Inglaterra pareciam travar um embate nas páginas desses livros, ao mesmo tempo em que nelas também se viam os primeiros desdobramentos do nacionalismo brasileiro e da sistematização do português brasileiro.

Biografia do Autor

Vanessa Lopes Lourenço Hanes, Universidade Federal Fluminense, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro

Mestre em Estudos da Tradução (2011) e Doutora em Estudos da Tradução (2015) pela Universidade Federal de Santa Catarina, com período de estágio doutoral na Universidade da Antuérpia, Bélgica. Professora Adjunta do Departamento de Letras Estrangeiras Modernas da Universidade Federal Fluminense. Tem experiência na área de Letras com ênfase em Ensino de Língua Inglesa e Estudos da Tradução. Pesquisa questões relacionadas com a tradução de representações do discurso oral da língua inglesa para o português brasileiro. Interessa-se também pelo ensino e pela tradução de variações da língua inglesa no Brasil, em especial dialetos sulistas norte-americanos. Busca enfocar a abordagem da língua inglesa em diferentes esferas levando em conta suas variantes em expressões literárias, cinematográficas, textos jornalísticos, etc. Trabalha ainda com a análise de traduções de literatura de massa comercializadas no Brasil nos séculos XX e XXI, sob uma perspectiva descritivista. Atualmente é coordenadora geral do Programa Idiomas Sem Fronteiras na Universidade Federal Fluminense.

Referências

Anderson, B. Imagined Communities: Reflections on the Origin and Spread of Nationalism. London: Verso, 2006. Printed.

Amorim, S. M. de. Em Busca de um Tempo Perdido: Edição de Literatura Traduzida pela Editora Globo (1930-1950). São Paulo: EDUSP, 2000. Printed.

Bagno, M. Português ou Brasileiro? (Um Convite à Pesquisa). São Paulo: Parábola Editorial, 2001. Printed.

Bandia, P. “Post-colonial Literatures and Translation.” In Gambier, Y and Doorslaer, L. van. Handbook of Translation Studies. v. 1. Amsterdam: John Benjamins, 2010. p. 264-269. Printed.

Bassnett, S. and Trivedi, H. (eds.). Post-colonial Translation: Theory and Practice. London: Routledge, 2000. Printed.

Cheyfitz, E. The Poetics of Imperialism: Translation and Colonization from The Tempest to Tarzan. New York and Oxford: Oxford University Press, 1991. Printed.

D’hulst, L. “(Re)locating Translation History: From Assumed Translation to Assumed Transfer”. Translation Studies 5.2 (2012): 139-155. Printed.

Even-Zohar, I. “Polysystem theory.” Poetics Today 1.2 (1979): 287-310. Printed.

Gomes, L. 1989: Como um Imperador Cansado, um Marechal Vaidoso e um Professor Injustiçado Contribuíram para o Fim da Monarquia e a Proclamação da República no Brasil. São Paulo: Globo Livros, 2013. Printed.

Hallewell, L. O Livro no Brasil: Sua História. São Paulo: Edusp, 2005.

Hanes, V. L. L. (A). “Dois Pesos e Duas Medidas? Considerações Acerca da Tradução de Variantes Linguísticas Norte-americanas Negras e Brancas para o Português Brasileiro”. Revista Belas Infiéis 6.2 (2017): 89-104. Digital.

Hanes, V. L. L. (B). “A Test Case That Speaks Volumes: The Translations of Agatha Christie’s The Murder of Roger Ackroyd and the Question of Written vs. Oral Discourse in Brazil”. In Pastwa, J. G. and Oyali, U. (Eds.). Norm-Focused and Culture-Related Inquiries in Translation Research: Selected Papers of the

CETRA Research Summer School. Frankfurt: Peter Lang, 2016. p. 25-44. Printed.

Jaccoud, L. “Racismo e República: o Debate sobre o Branqueamento e a Discriminação Racial no Brasil”. In Theodoro, M. (Ed.). As Políticas Públicas e a Desigualdade Racial no Brasil: 120 Anos Após a Abolição. Brasília: Ipea, 2008. p. 45-64. Printed.

Lambert, J. “Literature, Translation and (De)colonization”. In Hyun, T. and Lambert, J. (Ed.). Translation and Modernization. Tokyo: Tokyo University Press, 1995. p. 98-117. Printed.

Lambert, J. and Gorp, H. van. “On Describing Translations.” In Hermans, T (Ed.). The Manipulation of Literature: Studies in Literary Translation. London: Croom Helm, 1985. p. 42-53. Printed.

Lobato, J. B. R. M. Mundo da Lua e Miscelânea. São Paulo: Brasiliense, 1951. Printed.

Loomba, A. Colonialism/Postcolonialism. London/New York: Routledge, 2015. Printed.

Niranjana, T. Siting Translation: History, Post-structuralism, and the Colonial Context. Berkeley/Los Angeles/Oxford: University of California Press, 1992. Printed.

Parkinson, J. “When Pyjamas Ruled the Fashion World”. BBC News Magazine. 2016. Web. 2016. < http://www.bbc.com/news/magazine-35427892 >. 20 May 2018.

Ramos, P. A Modernidade Impressa: Artistas Ilustradores da Livraria do Globo-Porto Alegre. Porto Alegre: UFRGS Editora, 2016. Printed.

Toury, G. Descriptive Translation Studies and Beyond. Amsterdam: John Benjamins. Printed.

Velloso, M. P. História e Modernismo. Belo Horizonte: Autêntica, 2013. Printed.

Veríssimo, J. 1977. Estudos de Literatura Brasileira: a Questão Ortográfica. São Paulo: Edusp, 1977. Printed.

Wyler, Lia. Línguas, Poetas e Bacharéis: uma Crônica da Tradução no Brasil. Rio de Janeiro: Rocco, 2003. Printed.

Publicado

28-05-2019

Como Citar

Hanes, V. L. L. (2019). As reverberações coloniais das traduções da livraria do Globo no Brasil da década de 1930. Cadernos De Tradução, 39(2), 95–115. https://doi.org/10.5007/2175-7968.2019v39n2p95

Edição

Seção

Artigos