Traduzir para ensinar a variação linguística nas formas de tratamento da língua espanhola, por que não?

Autores

  • Valdecy Oliveira Pontes Universidade Federal do Ceará (UFC). Fortaleza, Ceará, Brasil
  • Livya Lea Oliveira Pereira Pós-graduação em Estudos da Tradução (POET) da Universidade Federal do Ceará (UFC).

DOI:

https://doi.org/10.5007/2175-7968.2016v36n2p66

Resumo

Falada oficialmente por mais de 20 países, a língua espanhola possui grande diversidade linguística, fato desafiador a quem pretende ensiná-la ou aprendê-la, quiçá traduzi-la a outra língua. Da mesma forma, o português brasileiro apresenta diferentes variedades linguísticas, o que é perceptível ao observar, por exemplo, os diferentes falares nordestinos ou sulistas. Essa diversidade linguística reflete-se nas formas de tratamento para 2ª pessoa em ambas as línguas. Desse modo, ao ter que traduzir as formas de tratamento da língua espanhola (tú, vos, usted, vosotros e ustedes) para o português, ou os pronomes da língua portuguesa (tu, você, senhor, vós e vocês) para o espanhol, caberá ao tradutor considerar aspectos extralinguísticos, para decidir o pronome de tratamento adequado ao público e aos objetivos de sua tradução. Nesse contexto, este artigo busca realizar um diálogo entre os Estudos da Tradução, Ensino de Língua Espanhola e Sociolinguística Variacionista, visando destacar a potencialidade de aproximação destas áreas para elaboração de propostas didáticas sobre a variação linguística nas formas de tratamento do espanhol e do português. 

Biografia do Autor

Valdecy Oliveira Pontes, Universidade Federal do Ceará (UFC). Fortaleza, Ceará, Brasil

Professor doutor em Linguística (UFC) e com Pós-Doutorado em Estudos da Tradução (UFSC). Atualmente, é Professor Adjunto na graduação em Letras-Espanhol e no Programa de Pós-graduação em Estudos da Tradução, da Universidade Federal do Ceará (UFC). Fortaleza, Ceará, Brasil.

Livya Lea Oliveira Pereira, Pós-graduação em Estudos da Tradução (POET) da Universidade Federal do Ceará (UFC).

Mestranda do Programa de Pós-graduação em Estudos da Tradução (POET), da Universidade Federal do Ceará (UFC) e bolsista da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FUNCAP). Fortaleza, Ceará, Brasil.

Referências

ARETINO, L.B. Da tradução correta. Tradução de Rafael Camorlinga. In: FURLAN, M. (org.) Clássicos da Teoria da Tradução. Antologia Bilíngue. Vol. 4: Renascimento. Florianópolis: NUPLITT, 2006. p. 52-79.

BARALO, M. La adquisición del español como lengua extranjera. Madrid: Arco/Libros, 1999.

BARRIENTOS, B.R.R. Os quadrinhos da Mateina no ensino de espanhol língua estrangeira: à luz da tradução funcionalista. 2014. 250 f. Dissertação (Mestrado em Estudos da Tradução) – Centro de Comunicação e Expressão, Universidade Federal de Santa Catarina: Florianópolis, 2014.

BENJAMIN, W. A tarefa do tradutor. Tradução de Susana Kampff Lages. In: HEIDERMANN, W. (org.), Clássicos da Teoria da Tradução. Vol. 1: alemão-português. 2ª ed. Revista e ampliada. Florianópolis: NUPLITT, 2010. p. 203-231.

BOLAÑOS-CUÉLLAR, S. Aproximación Sociolingüística a la Traducción. Forma y Función, Bogotá, v. 13, p.157-192, 2000. Disponível em: http://www.revistas.unal.edu.co/index.php/formayfuncion/article/view/17189. Acesso em: 20 mai. 2015.

BRANCO, S. O. As faces e as funções da tradução em sala de aula de língua estrangeira. Cadernos de Tradução, Florianópolis, v. 1, n. 27, pp. 161-178, 2011. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/traducao/article/view/2175-7968.2011v1n27p161. Acesso em: 15 jun. 2015.

BRASIL, J. O. El abordaje de los pronombres de tratamiento de segunda persona de singular en los libros didácticos de español del PNLD 2011: un análisis sociolingüístico. 2014. 65 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Letras Espanhol e suas Literaturas) - Centro de Humanidades, Universidade Federal do Ceará: Fortaleza, 2014.

BRASIL. Ministério da Educação. Orientações Curriculares para o Ensino Médio Linguagens, Códigos e suas tecnologias. Brasília: Secretaria de Educação Média e Tecnológica, 2006.

______. Parâmetros Curriculares para o ensino Médio. Parte II Linguagens, Códigos e suas tecnologias. Brasília: Secretaria de Educação Média e Tecnológica, 2000.

BUGEL, T. O espanhol na cidade de São Paulo: quem ensina qual variante a quem? 1998. 204 f. Dissertação (Mestrado em Linguística Aplicada) – Instituto de Estudos da Linguagem, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1998.

CALDERÓN CAMPOS, M. Formas de tratamiento. IN: ALEZA IZQUIERDO, M.; ENGUITA UTRILLA, J. M. (coord.). La lengua española en américa: normas y usos actuales. Valencia: Universidad de Valencia, 2010. cap. 4, p. 225-236.

CASTILHO, A. T. Nova Gramática do Português Brasileiro. 1 ed., 3º reimpressão – São Paulo: Contexto, 2014.

CÍCERO, M. T. De Optimo Genere Oratorum. Tradução de Brunno Vinicius Gonçalves Vieira e Pedro Colombaroli Zoppi. Scientia Traductionis, Florianópolis, n.10, p. 4-15, 2011. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/scientia/article/viewFile/1980-4237.2011n10p4/19983. Acesso em: 03 abr. 2015.

COAN, M; PONTES, V.O. Variedades linguísticas e ensino de espanhol no Brasil. Revista Trama (UNIOESTE. Online), Cascavel, PR, n. 9, p. 179-191, 2013. Disponível em: http://erevista.unioeste.br/index.php/trama/article/download/8252/6079. Acesso em: 10 jun. 2015.

DE ARRIBA GARCÍA, C. Introducción a la Traducción Pedagógica. Lenguaje y Textos, Barcelona, n. 8, p. 269-283, 1996. Disponível em: http://ruc.udc.es/bitstream/2183/7979/1/LYT_8_1996_art_17.pdf. Acesso: 20 mar. 2015.

DEMÉTRIO, A.P.C. A tradução como retextualização: uma proposta para o desenvolvimento da produção textual e para a ressignificação da tradução dentro do ensino de LE. 2014. 198 f. Dissertação (Mestrado em Estudos da Tradução) – Centro de Comunicação e Expressão, Universidade Federal de Santa Catarina: Florianópolis, 2014.

FANJUL, A.P.; Conhecendo assimetrias: a ocorrência de pronomes pessoais. In: FANJUL, A.P.; GONZÁLEZ, N.M. (org.). Espanhol e português brasileiro: estudos comparados. São Paulo: Parábola Editorial, 2014. cap. 1, p. 29-71.

FONTANELLA DE WEINBERG, Mª B. Sistemas pronominales de tratamiento usados en el mundo hispánico. In: BOSQUE, I. /DEMONTE, V. Gramática Descritiva da Língua Espanhola. Madrid: RAE, 1999. cap. 22, p. 1399-1425.

KRAVISKI, E. R. A. Estereótipos Culturais: o ensino de espanhol e o uso da variante argentina em sala de aula. 2007. 139 f. Dissertação (Mestrado em Letras) – Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2007.

LAIÑO, M.J. A tradução pedagógica como estratégia à produção escrita em LE a partir do gênero publicidade. 2014. 234 f. Tese (Doutorado em Estudos da Tradução) – Centro de Comunicação e Expressão, Universidade Federal de Santa Catarina: Florianópolis, 2014.

LABOV, W. Where does the Linguistic variable stop? A response to Beatriz Lavandera. Sociolinguistic Working Paper, Texas, v. 44, p. 1-23, 1978.

LABOV, W. Some Sociolinguistic Principles. In: PAULSTON, C.B. e TUCKER, G. R. (orgs.) Sociolinguistics. The essential Readings. Blackwell Publishing, 2003. cap.13, p. 234-250.

LUCINDO, E. S. Tradução e ensino de línguas estrangeiras. Revista Scientia Traductionis, Florianópolis, SC, v. 1, n. 3, p. 1-10, 2006. Disponível em: http://www.scientiatraductionis.ufsc.br/ensino.pdf. Acesso em: 22.fev.2015.

LEFEVERE, A. Translating Literature Practice and Theory in a Comparative Literature Context. Nova York: MLA, 1992.

LEFFA, V. Ensino de Línguas: passado, presente e futuro. Revista Estudos Linguísticos, Belo Horizonte, v. 20, n. 2, p. 391-411, 2012. Disponível em: http://www.leffa.pro.br/textos/trabalhos/ens_ling_pas_pres_futuro.pdf. Acesso em: 13 jun. 2015.

LUTERO, M. Carta Aberta sobre a Tradução. Tradução de Mauri Furlan. In: FURLAN, M. (org.) Clássicos da Teoria da Tradução. Antologia Bilíngue. Vol. 4: Renascimento. Florianópolis: NUPLITT, 2006. p. 95-115.

MALMKJAER, K. Translation in Language Teaching. Manchester: St Jerome Publishing, 1998.

MAYORAL ASENSIO, R. La traducción de la variación lingüística. 1997. 494 f. Tese (Doutorado em Filologia Inglesa) – Universidade de Granada, Granada, 1997.

MASELLO, L. Variedades de la lengua y opciones del traductor literario: formas de tratamiento en portugués y en español. In: COUTO, L. R.; SANTOS, C. R. L. (org.) Las Formas de Tratamiento en Español y en Portugués. Variación, cambio y funciones conversacionales. Niterói: Editora da Universidade Federal Fluminense, 2011. cap. 21, p. 473-495.

MENON, O. P. S. O sistema pronominal do português do Brasil. Curitiba. Editora da UFPR, nº 44, p. 91-106. 1995. Disponível em: http://goo.gl/gWxl10. Acesso em: 10 mai. 2015.

NASCIMENTO, E. P. Prestígio Lingüístico no Ensino de Espanhol como Língua Estrangeira – O caso dos Pronombres Personales Sujeto. Studia Diversa, João Pessoa, PB, v. 1, n. 1, p. 23-35, 2007.

NORD, C. Texto base-texto meta. Un modelo funcional de análisis pretraslativo. Tradução e adaptação de Cristiane Nord. Castelló de la Plana: Publicaciones de la Universitat Jaume I, 2012.

PONTES, V.O. A tradução da variação linguística e o ensino de língua estrangeira: da teoria à prática docente. Caderno de Letras da UFF, Niterói, RJ, n. 48, p.223-237, 2014. Disponível em: http://www.cadernosdeletras.uff.br/images/stories/edicoes/48/artigo11.pdf. Acesso em: 14 jun, 2015.

QUINTILIANO, M.F. Institutio Oratoria, Livro X. Tradução de Antônio Martinez de Rezende, UFMG, 2009. Disponível em: http://goo.gl/vJIzNH. Acesso em: 14 jun. 2015.

SAN JERÓNIMO, Carta LVII a Pammaquio, sobre el mejor género de traducción. Traducción de José Ignácio García Armendáriz. In: LAFARGA, F. (ed.), El discurso sobre la traducción en la historia. Barcelona: EUB, 1996. p. 46-71.

SANTOS, M. M. R. Ensino de Espanhol como Língua Estrangeira e Tradução: um estudo de caso sobre o uso dos pretéritos. 2013. 137 f. Dissertação (Mestrado em Linguagem e Ensino) – Centro de Humanidades, Universidade Federal de Campina Grande, Campina Grande, 2013.

SCHERRE, M.M.P, et. al. Variação dos pronomes Tu e você. In: MARTINS, M.A; ABRAÇADO, J. (org.) Mapeamento sociolinguístico do português brasileiro. São Paulo: Contexto, 2015. p. 133-172.

SCHLEIERMACHER, F.D.E. Sobre os diferentes métodos de tradução. Tradução de Celso R. Braida. In: HEIDERMANN, W. (org.), Clássicos da Teoria da Tradução. Vol. 1: alemão-português. 2ª ed. Revista e ampliada. Florianópolis: NUPLITT, 2010. p. 39-101.

SCHOPENHAUER, A. Sobre a língua e as palavras. Tradução de Ina Emmel. In: HEIDERMANN, W. (org.), Clássicos da Teoria da Tradução. Vol. 1: alemão-português. 2ª ed. Revista e ampliada. Florianópolis, 2010. p. 179-191.

SNELL-HORNBY, M. Translation Studies: An Integrated Approach. Philadelphia: Amsterdam John Benjamins Publishing Company, 1995.

TARALLO, F. A Pesquisa Sociolinguística. 7. Ed. São Paulo: Ática, 2005.

Downloads

Publicado

09-05-2016

Como Citar

Pontes, V. O., & Pereira, L. L. O. (2016). Traduzir para ensinar a variação linguística nas formas de tratamento da língua espanhola, por que não?. Cadernos De Tradução, 36(2), 66–90. https://doi.org/10.5007/2175-7968.2016v36n2p66

Edição

Seção

Artigos