Informação como prova ou monumento: materialidade, institucionalidade e representação
DOI:
https://doi.org/10.5007/1518-2924.2019.e58738Palavras-chave:
Informação, Documento, Materialidade, Prova, Monumento, Representação, ArquivoResumo
Objetivo: Analisar a informação como prova ou monumento a partir de uma perspectiva interdisciplinar, para, especificamente, realizar uma reflexão sobre as implicações epistemológicas e políticas em modos de representação a partir da consideração da materialidade e da institucionalidade da informação.
Método: Lança mão de revisão de literatura não exaustiva mediante saberes da ciência da informação, bem como das perspectivas documental, judiciária, historiográfica, arquivística e diplomática que encontram no documento seus subsídios teóricos, metodológicos e operacionais. A seleção dos autores dos campos abordados segue a trilha daqueles que apresentam contribuições significativas em perspectivas teóricas francófonas.
Resultado: A transformação da “evidência” materializada em “coisa” institucionalizada e em meio de “prova” pressupõe: a) sujeitos com alguma autoridade, b) documento que congrega dimensões epistemológica e política sintetizadas em sua condição perene e material (suporte) e efêmera e imaterial (pragmática e simbólica).
Conclusões: As implicações epistemológicas e políticas de modos de representação são evidenciadas mediante os enunciados: a) “o documento, quando autêntico, leva à verdade”, orientador da “informação como prova” para representação da realidade social; e b) “todo documento é um monumento”, orientador da “informação como monumento” para a legitimação de discursos sobre a realidade.
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