Um olhar sobre a exclusão social na contemporaneidade brasileira: poderemos resistir?
DOI:
https://doi.org/10.5007/1807-1384.2024.e102683Palavras-chave:
Exclusão, neoliberalismo, necropolítica, contemporaneidade, resistênciaResumo
Nos últimos anos podemos observar uma discussão sobre os efeitos sociais da precarização que segue a terceirização das relações trabalhistas e a rejeição de direitos, por parte dos empregadores, decorrente desse modo de produção tão popular atualmente. Nossa proposta nesse artigo não é apenas discutir a relação entre essa nova dinâmica de trabalho e a exclusão social no Brasil. Mas também retratar como essas novas formas de organização do trabalho afetam os trabalhadores, não apenas no âmbito profissional, mas também em suas vidas privadas: suas relações familiares, de amizade, de vizinhança, de lazer e afins. Para tal, vamos trazer as noções de Necropolítica (2018) e de Brutalismo (2021), do filósofo camaronês Achille Mbembe, para em seguida pensarmos se existem formas de resistências a essa nova realidade, social, política e econômica, fomentada pelo avanço tecnológico e implementada a fim de garantir uma maior exploração, tanto dos corpos quanto das mentes, que acaba por eliminar os “sobrantes do mercado” já marginalizados em razão de não disporem de poder de consumo, ou melhor, os excluídos que não se fazem mais necessários em um mundo regido pelo neoliberalismo.
Referências
ABÍLIO, Ludimila Costhek. Sem maquiagem: o trabalho de um milhão de revendedoras de cosméticos. São Paulo: Boitempo, 2015.
BRAGA, Ruy. A rebeldia do precariado: trabalho e neoliberalismo no Sul global. São Paulo: Boitempo, 2017.
BUTLER, Judith. Violência, luto, política. In: Vida precária: os poderes do luto e da violência. Belo horizonte: Autêntica editora. 2019.
CÉSAIRE, Aimé. Discurso sobre o colonialismo. [1955]. São Paulo: Veneta, 2020.
FRANCO, David Silva; FERRAZ, Deise Luiza da Silva. Uberização do trabalho e acumulação capitalista. In: Cadernos EBAPE.BR, vol. 17, Edição Especial, Rio de Janeiro, 2019. p. 844-856.
FOUCAULT, Michel. Em defesa da sociedade: Curso no Collège de France (1975-1976). São Paulo: Ed. Martins Fontes. 2000.
FOUCAULT, Michel. História da sexualidade I: a vontade de saber. São Paulo: Paz e terra. 2021.
GALEANO, Giovana B.; SOUZA, Francisca Magalhães de; GUARESCHI, Neuza Maria de Fátima. Violência estatal no Brasil: Ininterrupta, deliberada e letal. In: Revista Polis e Psique, Número especial: Corpos, cidades, hospitalidades, Porto Alegre, 2021. p. 112-137.
HAN, Byung-Chul. Psicopolítica: o neoliberalismo e as novas técnicas de poder. Belo-horizonte: Ed. Âyiné. 2018.
HIRABAHASI. Gabriel. Mais de 60% dos motoristas e entregadores de aplicativo são negros, diz estudo. CNNBrasil.com, 2023. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/mais-de-60-dos-motoristas-e-entregadores-de-aplicativo-sao-negros-diz-estudo/. Acesso em: 22 de novembro de 2024.
KAVSE, Erick. Neoliberalismo e necropolítica. Revista IHU online. 2019. Disponível em: https://www.ihu.unisinos.br/78-noticias/595098-neoliberalismo-e-necropolitica. Acesso em: 16 de fevereiro de 2023.
LAURELL, Asa Cristina. Avançando em direção ao passado. In: Estado e políticas sociais no neoliberalismo. São Paulo: Cortez, 1997.
LEMOS, Ronaldo. Apresentação: contra o derrotismo em face da tecnologia In: HUI, Y. Tecnodiversidade. São Paulo: Ubu editora, 2020.
MBEMBE, Achille. Crítica da razão negra. Lisboa: Antígona. 2014.
MBEMBE, Achille. Necropolítica: biopoder, soberania, estado de exceção, política da morte. São Paulo: n-1 edições. 2018.
MBEMBE, Achille. Brutalismo. São Paulo: n-1 edições, 2021.
NASCIMENTO, Elimar Pinheiro. Dos excluídos necessários aos excluídos desnecessários. In BURSZTYN, Marcel (org.) No meio da rua: nômades, excluídos e viradores. Rio de Janeiro: Garamond, 2000.
PUELLO-SOCARRÁS, José. F. El Capitalismo del Buen Salvaje. Nuevo neoliberalismo e inclusión social. In: Periferias Revista de Ciencias Sociales. Buenos Aires, Fundación de Investigaciones Sociales y Políticas, v. 23, n. 22, 2014. p. 99-115.
SAFATLE, Vladimir. A economia é a continuação da psicologia por outros meios: sofrimento psíquico e o neoliberalismo como economia moral. In SAFATLE, V; JUNIOR, N; Dunker, C (Orgs.) Neoliberalismo como gestão do sofrimento psíquico. Belo Horizonte: Autêntica, 2021.
SALVAGNI, J; COLOMBY, R. K.; CHERON, C. Em contexto de pandemia: entregadores de aplicativos, precarização do trabalho, esgotamento e mobilização. In Simbiótica, Edição Especial, vol.8, n.3, out., 2021. P. 149-169.
SLEE, Tom. Uberização: a nova onda do trabalho precarizado. São Paulo: Editora Elefante, 2017.
ZIZEK, Slavoj. Violência: seis reflexões laterais. São Paulo: Boitempo. 2014.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Johanna Gondar Hildenbrand, Francisco Ramos de Farias
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
Autores e autoras mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons - Atribuição 4.0 Internacional que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online após a sua publicação (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) já que isso pode aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).