“Demarcando e ocupando o território internacional”: ativismos digitais de mulheres indígenas brasileiras através da ANMIGA

Autores

  • Claudia Regina Nichnig ufsc

DOI:

https://doi.org/10.5007/1807-1384.2025.e107160

Palavras-chave:

Ativismo digital, mulheres indígenas, violências contra as mulheres, violências de gênero, ANMIGA

Resumo

As mulheres indígenas brasileiras organizadas na Articulação de Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (ANMIGA) atuam em rede e realizam a divulgação das suas ações nacionais e internacionais através principalmente da página no Instagram realizando o que estou conceituando como ativismo digital. A atuação internacional e  as agendas de luta, como o enfrentamento as violências, são publicizadas através da página do Instagram da ANMIGA, evidenciando como a presença das mulheres indígenas brasileiras em espaços internacionais, como as reuniões do Comitê CEDAW, promovem  conexões globais e a construção de redes. Como metodologia o artigo irá realizar, através da pesquisa no instagram da articulação, buscando analisar e apontar algumas das frentes de ação, como a atuação internacional. Estas mulheres indígenas, que são lideranças de suas etnias, estão presentes nos só em seus territórios, mas também em espaços de poder nos grandes centros, o que fortalece as redes e conexões que se originam nos territórios tradicionais. Assim, o vínculo com os territórios ancestrais aponta que o enfrentamento às violências de gênero sofridas em seus corpos-território são umas das principais agendas de luta.

Biografia do Autor

Claudia Regina Nichnig, ufsc

&

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Publicado

12.08.2025

Edição

Seção

Dossiê: Perspectivas críticas de gênero e decoloniais na internet. Organização: Drª Cristina Scheibe Wolff e Drª Elaine Schmitt