A ecologia política na América Latina: reapropriação social da natureza e reinvenção dos territórios
DOI:
https://doi.org/10.5007/1807-1384.2012v9n1p16Resumo
O pensamento/ação ambiental latino-americano vem se desenvolvendo com/contra os fundamentos da matriz de racionalidade eurocêntrica. Essa tradição tem na geopolítica atual o desenvolvimento sustentável como nova forma de colonização/exploração. Com/contra ela, criativamente, corresponde uma série de respostas críticas com o novo protagonismo, a partir das lutas locais/regionais de camponeses, de povos indígenas e de afroamericanos que, no novo contexto geopolítico que se abre pós anos 1960, passam a ter condições de se expressar à escala internacional, inclusive se apropriando dos vetores ecológico e tecnológico. Nos domínios naturais clímato-botânicos que se formaram desde o fim da última glaciação, evoluindo para as geografias atuais, as populações originárias desenvolveram um rico acervo de conhecimentos construídos numa relação com e não contra a natureza que, tal como a mega-diversidade biológica, é um patrimônio de nossa região e da humanidade e que deve ser considerado nas políticas públicas. Surge um novo léxico teórico-político em que se fala de descolonização, de interculturalidade, de transmodernidade; de pluralismo jurídico, que respeite os direitos das gentes, consuetudinários, não mais somente o direito fundado nos princípios liberais do indivíduo e da propriedade privada. Ao lado dos conflitos envolvendo água, mineração e grandes projetos de desenvolvimento, vê-se a emergência de uma série de experiências ricas e originais de sustentabilidade: as Reservas Extrativistas, o Parque Nacional de Yasuny; os Direitos da Natureza constitucionalizados na Bolívia e no Equador; o Estado Plurinacional; o Buen Vivir, o Suma Qamaña e o Suma Kausay: ideias para uma nova agenda política, um rico patrimônio cultural e natural que nos servem de baliza para reinventar a nossa existência. Nesse contexto, os conceitos de território, de territorialidades e territorialização possibilitam compreender as relações da sociedade com a natureza, cerne da problemática ambiental, explicitando que o que está em jogo é a luta pela reapropriação social da natureza (Enrique Leff).
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
Autores e autoras mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons - Atribuição 4.0 Internacional que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online após a sua publicação (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) já que isso pode aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).