Notas sobre as implicações psicossociais da violência na baixa prostituição feminina na cidade de Fortaleza/CE

Autores

  • Lorena Brito Silva Faculdade Luciano Feijão, Sobral, CE
  • Verônica Morais Ximenes Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, CE

DOI:

https://doi.org/10.5007/1807-1384.2017v14n1p176

Resumo

Este artigo visa problematizar as implicações psicossociais da violência na baixa prostituição na cidade de Fortaleza/CE, buscando analisar as dinâmicas da violência e identificar suas expressões psicossociais no cotidiano das prostitutas. As violências contra prostitutas encontram-se veladas no universo da violência de gênero, reproduzindo a lógica de silenciamento que envolve a violência contra a mulher mesmo ocorrendo comumente no espaço público. A pesquisa teve uma perspectiva etnográfica, contou com a participação de 7 interlocutoras formais e utilizou a Análise de Conteúdo como referência. As análises apontam que a dinâmica da baixa prostituição é atravessada pelos arranjos territoriais, estando os códigos e regras da zona de prostituição em constante disputa com o território. A violência articula-se como uma teia relacional que acaba por impedir o reconhecimento do outro (classe, gênero ou raça/etnia) mediante o uso da força física e/ou simbólica, minando as possibilidades de diálogo, por um lado, e criando outros códigos, formas de interação e performances sociais, por outro. 

Biografia do Autor

Lorena Brito Silva, Faculdade Luciano Feijão, Sobral, CE

Mestre em Psicologia pela Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, CE. Psicóloga e educadora. Docência e pesquisa em Psicologia com ênfase em Psicologia Social, Psicologia Comunitária, Psicologia e Feminismo e Atenção Psicossocial em Sobral, CE, Brasil

Verônica Morais Ximenes, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, CE

Doutora em Psicologia pela Universidad de Barcelona, Espanha. Pós-Doutorado em Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Pesquisadora do CNPq. Professora da Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, CE, Brasil

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Publicado

08.01.2017

Edição

Seção

Artigos - Estudos de Gênero