“Os sentimentos eles nunca vão indenizar”: tecendo memórias de mulheres ribeirinhas atingidas por barragens
DOI:
https://doi.org/10.5007/1807-1384.2018v15n3p91Resumo
O presente artigo tem por objetivo abordar a vulnerabilidade emocional das mulheres ribeirinhas atingidas pela Usina Hidrelétrica de Estreito (MA/TO), com ênfase no registro da história de vida de mulheres idosas, remanescentes da Ilha de São José, em Babaçulândia (TO). A desestruturação do modo de vida das comunidades rurais tornou as mulheres desterritorializadas vulneráveis não apenas em relação aos aspectos econômicos, mas, sobretudo, os aspectos emocionais e simbólicos causados por perda do modo de vida tradicional. Analisamos a relação afetiva com o rio, o lugar de vivência e a memória. Diagnosticamos que a vulnerabilidade afetiva decorrente do deslocamento trouxe para elas, além do sentimento de incertezas quanto ao futuro, tristeza e depressão. Tais impactos não são relevantes em estudos ambientais apresentados por empreendedores do setor hidrelétrico e tampouco há mitigação prevista, embora, estudos na área do direito ambiental apontem para a necessidade de indenização por danos de valor afetivo.
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