Breve história das classificações em psiquiatria

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/1807-1384.2019v16n1p73

Resumo

Na sociedade contemporânea há um grande número de pessoas diagnosticadas com transtornos mentais em diversos continentes. Fenômeno que é considerado por como uma epidemia de transtornos mentais. Diante deste contexto, busca-se delinear a trajetória histórica das classificações em psiquiatria, desde o século XIX até a atualidade. A primeira tentativa  de classificações de patologias psiquiátricas foi em 1840 a partir da medição da frequência de duas categorias. A última classificação que antecede o primeiro Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM) surge em 1918, com 22 categorias. No ano de 1952 é publicada a primeira edição do DSM, posteriormente, o Manual foi reformulado até a quinta edição, lançada em 2013. As classificações em psiquiatria foram criadas com a finalidade de obter dados estatísticos sobre a população e buscar uma linguagem universal sobre as patologias mentais. Na prática clínica há muitas controvérsias em relação as classificações em psiquiatria, pois esta rompe com as teorias de cunho crítico filosófico que constituíam as características das patologias mentais. A história nos mostra que houve uma fissura no modo de entender o sofrimento psíquico, e ali esvaíram-se a subjetividade e a história de vida dos sujeitos.

Biografia do Autor

Fernanda Martinhago, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC

Pós-doutoranda do Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas da Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC, Brasil. Doutora em Antropologia e Comunicação pela Universitat Rovira i Virgili, Espanha, com mencão Doutorado Internacional Cum Laude. Estágio doutoral na Universidad de la República, Uruguay. Doutora em Ciências Humanas pela Universidade Federal de Santa Catarina, com sanduíche/cotutela na Universitat Rovira i Virgili, Itália.

Sandra Caponi, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC

Doutora em Lógica e Filosofia da Ciência pela Universidade de Campinas. Pós-doutorado na Universidade de Picardie, França, e Pós-doutorado Sênior na EHESS, Paris- França. Professora Titular do Departamento de Sociologia e Ciência Politica da Universidade Federal de Santa Catarina, do Doutorado Interdisciplinar em Ciências Humanas, do Programa de Pós-Graduação em Sociologia Política, do Programa de Mestrado profissional em Saúde Mental da mesma Instituição.

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Publicado

01.02.2019

Edição

Seção

Artigos - Condição Humana e Saúde na Modernidade