O que é a prisão para você? Significados da prisão para presos e agentes

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/1807-1384.2019v16n2p93

Resumo

Trata-se de um estudo de caso numa penitenciária do Ceará. A técnica usada foi inspirada pela pesquisa etnográfica e consistiu em abordagens a pessoas por meio de uma única pergunta: “O que é a prisão para você? ”. A coleta ocorreu em novembro de 2017 e participaram do estudo 16 internos e 15 agentes penitenciários. As respostas passaram por análise de conteúdo, que permitiu identificar classes de respostas de internos, que percebem a prisão como castigo, aprendizado e resposta da sociedade; e de agentes, que percebem a prisão como uma resposta à sociedade, como reclusão e como paradoxo. Pelas contribuições da Psicologia Ambiental, conclui-se que o ambiente age sobre a mente das pessoas e atividades laborais permitem um afastamento simbólico do estado de aprisionamento, ajudando a dar significado positivo às penas.

Biografia do Autor

Nathalie Guerra Castro Albuquerque, Universidade de Fortaleza, Fortaleza, CE

Mestre em Psicologia pela Universidade de Fortaleza. Professora do curso de graduação em Arquitetura e Urbanismo da mesma Universidade, em Fortaleza, CE, Brasil

Sylvia Cavalcante, Universidade de Fortaleza, Fortaleza, CE

Doutora em Psicologia pela Université Louis Pasteur, Strasbourg I, França. Professora titular do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade de Fortaleza, e nos curos de Graduação de Psicologia e Arquitetura e Urbanismo em Fortaleza, CE, Brasil

Karla Patrícia Martins Ferreira, Universidade de Fortaleza, Fortaleza, CE

Doutora em Educação pela Universidade Federal do Ceará, com Doutorado Sanduíche na Université de Nantes, França. Pós-doutorado em Psicologia pela Universidade de Fortaleza. Professora do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade de Fortaleza, onde coordena o Laboratório de Estudo das Relações Humano-Ambientais, em Fortaleza, CE, Brasil

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Publicado

06.06.2019

Edição

Seção

Artigos - Condição Humana e Saúde na Modernidade