Vida na natureza para alunos do Ginásio Santa Catarina: o piquenique como cultura modernizadora em Florianópolis (1906 – 1918)
DOI:
https://doi.org/10.5007/1807-1384.2016v13n1p75Resumo
Os jesuítas alemães do Ginásio Santa Catarina, instituição inaugurada em Florianópolis em 1906, como parte das estratégias republicanas de modernização do Estado, trouxeram práticas culturais modernizadoras para seus alunos, para a cidade. Entre elas, o piquenique, que este trabalho procura descrever e analisar. As fontes mobilizadas (1906-1918) foram os relatórios anuais, fotografias de seu acervo e os diários dos padres prefeitos, jornais da época. Propomos a construção interdisciplinar do objeto piquenique a partir da vida na natureza: corpo, comidas, brincadeiras, atividade física, banho de mar. A invenção do Pic Nic como atividade de lazer permite, a partir dos elementos da cultura germânica, a apropriação de espaços da natureza ambiental da Ilha de Santa Catarina, promovendo a civilização da cidade a partir da emergência de práticas corporais atravessadas por elementos de jogo e alimentação. Isso se dá em contraste com outras práticas de piquenique da elite local, por sua vez, menos ativa.
Referências
ARAÚJO. Hermetes Reis de. A invenção do litoral – reformas urbanas e reajustamento social em Florianópolis na Primeira República. São Paulo: PUC-SP, 1989. Dissertação (Mestrado em História).
ARENDT, Hanna. Trabalho, obra, ação. Tradução Adriano Correia. Cadernos de Ética e Filosofia Política., 7, 2/2005, p.175-201.
ARENDT, Hanna. A condição humana. Tradução Roberto Raposo. 11ªedição. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2010.
BENJAMIN, Walter. Brinquedos e jogos. Reflexões sobre a criança, o brinquedo e a educação. 2ª edição. Tradução Marcus Vinicius Mazzari. São Paulo: Duas Cidades; Ed. 34, 2009b, p.95-102.
CERTEAU, Michel de. A invenção do cotidiano: 1. Artes de fazer. Trad. Ephraim Alves. Petrópolis: Vozes, 1994.
CORBIN, Alain. História dos Tempos Livres. Tradução Telma Costa. Portugal: Teorema, 2001.
DALLABRIDA, Norberto. A fabricação escolar das elites. O Ginásio Catarinense na Primeira República. Florianópolis: Cidade Futura, 2001.
DIÁRIO DO PADRE PREFEITO GERAL DO GINÁSIO SANTA CATARINA. Tradução de Vera Molenda. Florianópolis, [1906].
DIÁRIO DO PADRE PREFEITO GERAL DO GINÁSIO SANTA CATARINA. Tradução de Vera Molenda. Florianópolis, [1907].
DIÁRIO DO PADRE PREFEITO GERAL DO GINÁSIO SANTA CATARINA. Florianópolis: [s.n.], 1918.
DICIONÁRIO. Palavra-chave: dicionário semibilíngue para brasileiros: francês. Trad. Andréa da Silva. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2011.
ELIAS, Norbert; DUNNING, Eric (org). A busca da excitação. Trad. Maria Manuela e Silva. Lisboa, Portugal: 1992.
ELIAS, Norbert. O processo civilizador. V.1 uma história dos costumes. Trad. Ruy Jungmann. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1994a.
ELIAS, Norbert. O processo civilizador. V2 Formação do Estado e Civilização. Trad. Ruy Jungmann. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1994b.
ELIAS, Norbert. Introdução à sociologia. 3ª Ed. tradução de Maria Luísa Ferreira. Lisboa, Portugal: 2008.
FIGURA 1. Convite aos sócios do Club 12 para o Convescote a 2 de Novembro de 1909. CLUB 12 de AGOSTO. Jornal Gazeta Catarinense, 5, Nov, 1909b, p4.
FIGURA 2. Pic-Nic no mar grosso da Lagoa (27.09.1920). Acervo Fotográfico do Colégio Catarinense.
FIGURA 3. Caminhar, Comer e Beber no Piquenique [191?]. Acervo Fotográfico Do Colégio Catarinense.
FOUCAULT, Michel. Omnes es Singulatim: uma Crítica da Razão Política. __________. Estratégia, poder-saber. Ditos e Escritos IV. Trad. Vera Lúcia Ribeiro. 2ª edição. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2010, p.355-385.
FOUCAULT, Michel. Nietzsche, a Genealogia e a História. __________. Microfísica do Poder. Trad Roberto Machado. 25ª Ed. Rio de Janeiro: Graal, 2012a, p.55-86.
GINASIO SANTA CATARINA. Relatório. Florianópolis: [s.n.], 1906-1918
HUIZINGA, Johan. Homo Ludens. O jogo como elemento da cultura. Trad. João Monteiro. 7ª Ed. São Paulo: Perspectiva, 2012.
JORNAL GAZETA CATARINENSE. A Semana. Florianópolis. 6 dez. 1909a, capa. Fonte: Biblioteca Pública de Santa Catarina.
JORNAL O DIA. Florianópolis, 27 fev. 1918, p.1. Fonte: Biblioteca Central da Universidade Federal de Santa Catarina.
PICK, Reinaldo João. O Colégio Catarinense, um marco na história da educação em Santa Catarina. Florianópolis: UFSC, 1979. (Dissertação de Mestrado em História)
RATIO STUDIORUM DA COMPANHIA DE JESUS. MIRANDA, Margarida. Código pedagógico dos jesuítas. Ratio Studiorum da Companhia de Jesus. Braga, Coimbra, Évora, Florianópolis, Lisboa: Esfera do caos, 2009, p.52-266.
RODRIGUES, José Carlos. Os corpos na antropologia. In: MINAYO e COIMBRA (org). Críticas e atuantes: ciências sociais e humanas em saúde na América Latina. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2005.
SOUZA, Rogério Luiz de. Uma história inacabada – cem anos do Colégio Catarinense. São Leopoldo, Ed. Unisinos, 2005.
SCHAMA, Simon. Der Holzweg: A trilha na floresta. __________. Paisagem e memória. Trad. Hildegard Feist. São Paulo: Companhia das Letras, 1996, p.85 – 143.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
Autores e autoras mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons - Atribuição 4.0 Internacional que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online após a sua publicação (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) já que isso pode aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).