As relações de gêneros e os sujeitos que atuavam, atuam, no comércio de drogas ilícitas

Autores

  • André Masao Peres Tokuda Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Assis, SP
  • Wiliam Siqueira Peres Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Assis, SP

DOI:

https://doi.org/10.5007/1807-1384.2018v15n2p104

Resumo

Este artigo visa problematizar sobre a interferência das relações de gêneros, especificamente as masculinidades, na busca dos sujeitos pelo comércio de drogas ilícitas. Utilizamos o método cartográfico para mapear as histórias existenciais de oito pessoas que estavam presas, problematizando sobre as experiências vividas por essas até serem condenadas no art. 33 do Código Penal brasileiro. Com os resultados das cartografias pode-se colocar que são múltiplas as linhas que interferem na entrada no comércio de drogas, no entanto as relações de gêneros tiveram destaque, a necessidade de se provar “homem de verdade” foi um dos fatores mais presentes nas falas dos participantes. Assim, discutimos a necessidade da Psicologia se distanciar de posicionamentos limitados, por exemplo, de que as ações infracionais tenham suas causas em patologias, ou somente é uma questão de desigualdade social, sendo mais problematizadora das diversas linhas que atravessam e constroem os sujeitos.

Biografia do Autor

André Masao Peres Tokuda, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Assis, SP

Doutorando pela Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho",  em Assis, SP, Brasil.

Wiliam Siqueira Peres, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Assis, SP

Doutor em Saúde Coletiva pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Pós Doutorado em Psicologia e Estudos de Gênero pela Universidade de Buenos Aires, Argentina. Professor na Graduação e Pós-graduação em Psicologia da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, em Assis, SP, Brasil

Referências

BERGERET, J. La violência fundamental: El inagotable Edipo. Madrid: Fondo de cultura Económica, Ortega, 1990.

BEAUVOIR, S. de. O segundo sexo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980.

BORIS, G. D. J. B. Falas de homens: a construção da subjetividade masculina. São Paulo: Annablume, 2011.

BUTLER, J. Problema de gênero. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.

DELEUZE, G.; GUATTARI, F. Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia, vol. 1. Rio de Janeiro, editora 34, 1995.

CONNEL, R. W. Políticas da masculinidade. Educação & Realidade, v.20, n.02, p. 185-206, 1995.

DIAS, C. C. N. Da pulverização monopólio da violência: expansão e consolidação do Primeiro Comando da Capital (PCC) no sistema carcerário paulista. 2011. 386 f. Tese (Doutorado em Sociologia) - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2011.

FEFFERMANN, M. Vidas arriscadas: o cotidiano dos jovens trabalhadores do tráfico. Petrópolis: Vozes, 2006.

FIORELLI, J. O. ; MANGINI, R. C. R. Psicologia jurídica. São Paulo: Atlas, 2012.

FOUCAULT, M. História da sexualidade I: a vontade de saber. Rio de Janeiro: Graal, 1988.

FOUCAULT, M. Vigiar e punir. Rio de Janeiro: Vozes, 1997.

FOUCAULT, M. Repensar a Política. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2010.

FREUD, S. Três ensaios sobre a teoria da sexualidade. Rio de Janeiro, Imago, 1996.

GARLAND, D. A cultura do controle: crime e ordem social na sociedade contemporânea. Rio de Janeiro, Revan, 2008.

KEHL, M. R. A mínima diferença: masculino e feminino na cultura. Rio de Janeiro: Imago, 1996.

LAURETIS, T. A tecnologia de gênero. In: HOLLANDA, H. B. de (Org.). Tendências e impasses. O feminismo como crítica da cultura. Rio de Janeiro: Rocco, 1994, p. 206 - 242.

LEI No. 11.343. Institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas - Sisnad; prescreve medidas para prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas; estabelece normas para repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas; define crimes e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da Republica, 2006.

LIMA, C. B. de. Jovens em conflito com a lei: liberdade assistida e vidas interrompidas. Londrina, PR: EDUEL, 2009.

PACHECO, P. J. Sistema prisional: o que a psicologia tem a (se) ver com isso?. In: Neuza, M. F. et al. Psicologia, formação, política e produção em saúde. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2010, p. 271 - 288.

PEDROSO, C. R. Os signos da opressão: história e violência nas prisões brasileiras. São Paulo: Arquivo do Estado, Imprensa Oficial do Estado, 2002.

PERES, W. S.; SANTOS, C. H. Tecnologias de gênero, masculinidades e aprisionamentos na execução penal. Revista Internacional Interdisciplinar INTERthesis, Florianópolis, v.08, n.01, 185-199, 2011.

ROCHA, L. C. da. A prisão dos pobres. 1994. 116 f. Tese (Doutorado em Psicologia) - Instituto de Psicologia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1994.

SÁ, A. A. de. Criminologia clínica e psicologia criminal. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007.

SCOTT, J. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação & Realidade, v. 20, p. 71-99, 1995.

SERAFIM, A. de P. Aspectos etiológicos do comportamento criminoso: parâmetros biológicos, psicológicos e sociais. In: RIGONATTI, S. P.; SERAFIM, A. de P.; BARROS, E. L. de. Temas em psiquiatria forense e psicologia jurídica. São Paulo: Vetor, 2003.

VARELLA, D. Carcereiros. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.

WELZER-LANG, D. A construção do masculino: dominação das mulheres e homofobia. Revista de Estudos Feministas, Florianópolis, v.09, n.02, p. 460-482, 2001.

Downloads

Publicado

28.05.2018

Edição

Seção

Artigos - Estudos de Gênero