Indígenas Sateré-mawé/AM e Hixkaryana/AM em sofrimento mental e ético-político

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/1807-1384.2020.e70094

Resumo

Partimos de visão spinozana que não dicotomiza corpo e mente e salientamos inferências a respeito de duas etnias indígenas da Amazônia ante os processos psicossociais. Metodologicamente, consideramos historicidade e territorialidade na análise. Ambas podem se vincular a sofrimentos no campo da saúde ou não. As reflexões tiveram o objetivo de considerar cosmovisão e imemorialidades. Concluímos que encontros vividos por povos originários na cidade tendem a lançá-los a condições de sofrimento ético-político, em uma dialética inclusão/exclusão social, diminuindo a conatus dos indígenas, afetando sua saúde e concorrendo para um status de reatividade.

Biografia do Autor

Renan Albuquerque, Universidade Federal do Amazonas

Professor da Faculdade de Informação e Comunicação (FIC) da Universidade Federal do Amazonas (Ufam). Possui graduação em Comunicação Social pela UniNiltonLins (2001), especializações em Psicopedagogia pela Universidade Cândido Mendes/RJ (2002), Comunicação Empresarial pela UniNiltonLins (2004) e Psicologia Social também pela UniNilltonLins (2005). É mestre em Psicologia Social pela Universidade Federal da Paraíba (2008) e doutor em Sociedade e Cultura na Amazônia pela Universidade Federal do Amazonas (2013). Tem pós-doutorado em Antropologia pela PUC-SP (2017) com período de intercâmbio na Universidade Nacional da Colômbia (UNAL).  Tem experiência em pesquisas sobre conflitos na Amazônia e impactos socioambientais, desenvolvendo estudos em áreas rurais, ribeirinhas, indígenas e com atingidos por barragens. 

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Publicado

08.04.2020

Edição

Seção

Eixo temático: “Amazônia: povos, conflitos e preservação”