Alternativas epistêmicas emergentes na ciência e seu ensino a partir do sul global
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-795X.2021.e67902Resumo
Este artigo apresenta as principais ideias dos estudos decoloniais desenvolvidos nas últimas décadas, na América Latina, assim como das Epistemologias do Sul, movimento que se consolida na Europa, mas que conta com reflexões de diferentes autores do sul global. Ambos os movimentos são paradigmas alternativos que instigam a ruptura da lógica colonial de que a ciência impera e questionam a imposição de valores às localidades subalternizadas pelas classes dominantes, apontando para a necessidade de uma mudança nos projetos epistêmicos sobre a produção e apropriação do conhecimento científico e das relações desse conhecimento com outros saberes. Posteriormente, o texto apresenta algumas asserções sobre a natureza da ciência embasadas nesses dois movimentos, discutindo suas implicações na ciência e seu ensino. O que se propõe nesse texto é a abertura para o diálogo crítico na luta por uma sociedade mais igualitária, justa e democrática, que busca romper com o patriarcalismo, com os efeitos da dominação colonial, o racismo e o capitalismo.
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