A severidade na educação escolar em Timor-Leste
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-795X.2023.e86456Palavras-chave:
Educação, Castigos físicos na escola, Timor-LesteResumo
Este estudo tem por objetivo analisar a percepção de estudantes universitários sobre a possibilidade do uso de castigos físicos pelos professores das escolas primárias e secundárias de Timor-Leste. Participaram desta pesquisa 215 pessoas, sendo 130 homens e 85 mulheres. Os participantes tinham entre 20 e 25 anos, frequentavam o quinto e o oitavo semestres nas áreas da Educação, Ciências Humanas e Sociais da Universidade Nacional Timor Lorosa’e (UNTL). A participação foi voluntária e anônima, de forma que foram identificados somente a idade, o gênero, o local de nascimento, o curso e o semestre que frequentavam. Divididos em sete turmas – com média de 30 pessoas cada –, os estudantes responderam individualmente a um questionário com cinco perguntas de múltipla escolha – que deveriam ser justificadas por escrito. As instruções, as perguntas e as respostas foram realizadas em tétum, um dos idiomas oficiais e a língua mais falada no país. Os dados da pesquisa revelam, entre outras informações, que 94,4% dos participantes já sofreram algum tipo de castigo físico em sala de aula. Entre estes, 80,4% concordaram com a possibilidade de os professores agredirem fisicamente os alunos, desde que seja com o objetivo de ensinar os conteúdos das aulas ou corrigir comportamentos considerados desviantes ou inadequados aos padrões de conduta pré-estabelecidos.
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