“Na hora de fazer não chorou”: a violência obstétrica e suas expressões
DOI:
https://doi.org/10.1590/1806-9584-2022v30n371008Palavras-chave:
violência contra a mulher, violência obstétrica, parto, trabalho de parto, parto humanizado, Políticas Públicas de SaúdeResumo
O artigo tem o objetivo de analisar a violência obstétrica e suas diversas expressões
sob a ótica de puérperas. Captadas através de entrevistas semiestruturadas com 12 puérperas acompanhadas por uma Unidade Básica de Saúde em um município do nordeste brasileiro, as questões versaram sobre o perfil socioeconômico, a experiência vivenciada no parto e a percepção que as mesmas detinham sobre a violência obstétrica. Identificamos que a violência obstétrica é recorrente na assistência hospitalar e expressa desigualdades e opressões nas relações de gênero e entre profissionais e usuárias dos serviços de saúde. O enfrentamento da violência obstétrica demanda atribuir maior visibilidade a esta problemática, incluindo-a nos processos de formação e nos espaços de trabalho destes profissionais, bem como entre as mulheres, na busca de propiciar a identificação e o enfrentamento desta forma de violência.
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