“Na hora de fazer não chorou”: a violência obstétrica e suas expressões

Autores

DOI:

https://doi.org/10.1590/1806-9584-2022v30n371008

Palavras-chave:

violência contra a mulher, violência obstétrica, parto, trabalho de parto, parto humanizado, Políticas Públicas de Saúde

Resumo

O artigo tem o objetivo de analisar a violência obstétrica e suas diversas expressões
sob a ótica de puérperas. Captadas através de entrevistas semiestruturadas com 12 puérperas acompanhadas por uma Unidade Básica de Saúde em um município do nordeste brasileiro, as questões versaram sobre o perfil socioeconômico, a experiência vivenciada no parto e a percepção que as mesmas detinham sobre a violência obstétrica. Identificamos que a violência obstétrica é recorrente na assistência hospitalar e expressa desigualdades e opressões nas relações de gênero e entre profissionais e usuárias dos serviços de saúde. O enfrentamento da violência obstétrica demanda atribuir maior visibilidade a esta problemática, incluindo-a nos processos de formação e nos espaços de trabalho destes profissionais, bem como entre as mulheres, na busca de propiciar a identificação e o enfrentamento desta forma de violência.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Rita de Cássia da Silva Medeiros, UERN

Assistente Social(UERN)

Especialista em Gestão em Saúde pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte(UFRN) 

Residência Multiprofissional em Atenção Básica/Saúde da Família e Comunidade (UERN) 

Discente do Mestrado no Programa de Pós-Graduação em Saúde e Sociedade(UERN)

Ellany Gurgel Cosme do Nascimento, UERN

EnfermeiraEspecialista em Epidemiologia, Auto-Gestão em Saúde, Saúde da Família, Obstetrícia e Formação Pedagógica em Educação.Doutora em Ciências da Saúde pela UFRNProfessora Adjunta IV do Curso de Graduação em Medicina - FACS/UERNCoordenadora do Programa de Pós-Graduação em Saúde e Sociedade - FACS/UERN

Referências

AGUIAR, Janaina Marques de. Violência institucional em maternidades públicas: hostilidade ao

invés de acolhimento como uma questão de gênero. 2010. Doutorado (Medicina preventiva) –

Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, São Paulo, São Paulo, Brasil.

AGUIAR, Janaina Marques de; D’OLIVEIRA, Ana Flávia Pires Lucas. “Violência institucional

em maternidades públicas sob a ótica das usuárias”. Interface-Comunicação, Saúde,

Educação, Botucatu, v. 15, p. 79-92, mar. 2010. Disponível em https://www.scielo.br/j/icse/a/

vvLz5TN8Hpzz9SXnKqth78j/?format=pdf&lang=pt. Acesso em 20/02/2018.

AGUIAR, Janaina Marques de; D’OLIVEIRA, Ana Flávia Pires Lucas; SCHRAIBER, Lilia Blima. “Violência institucional, autoridade médica e poder nas maternidades sob a ótica dos profissionais de saúde”. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 29, p. 2287-2296, nov. 2013. Disponível em https://www.scielo.br/j/csp/a/BHJvS6SwS6DJJkY6XFTk3fs/?format=pdf&lang=pt. Acesso em 20/02/2018.

ANDRADE, Priscyla de Oliveira Nascimento et al. “Fatores associados à violência obstétrica

na assistência ao parto vaginal em uma maternidade de alta complexidade em Recife,

Pernambuco”. Rev. Bras. Saúde Materno Infantil, Recife, v. 16, n. 1, jan./mar. 2016. Disponível

em https://www.scielo.br/j/rbsmi/a/5f8XwfZ8h3f57q8DwJrFJLp/?lang=pt ISSN 1806-9304. DOI:

1590/1806-93042016000100004. Acesso em 03/03/2019.

AQUINO, Estela M. L. “Para reinventar o parto e o nascimento no Brasil: de volta ao futuro”. Cadernos de Saúde Pública, v. 30, n. Suppl 1, p. S8-S10, ago. 2014. Disponível em https://www.scielo.br/j/csp/a/DZRfNPd63YSK6hb47fnQTSC/?lang=pt. ISSN 1678-4464. DOI: 10.1590/0102-311XPE01S114. Acesso em 15/03/2017.

ARGENTINA. Lei Nacional n° 26.485, de 01/04/2009 de Proteção Integral para Prevenir, Punir e

Erradicar a Violência contra as Mulheres nos Âmbitos em que se desenvolvem suas Relações

Interpessoais, Artigo 6 alínea e. Buenos Aires: Poder Legislativo, 2009.

ASSIS, Jussara Francisca de. “Interseccionalidade, racismo institucional e direitos humanos:

compreensões à violência obstétrica”. Serviço Social & Sociedade, São Paulo, n. 133, p. 547-565, set./dez. 2018. Disponível em https://www.scielo.br/j/sssoc/a/JfVQpC8kyzshYtTxMVbL5VP/?lang=pt. DOI: 10.1590/0101-6628.159. Acesso em 02/02/2019.

BADINTER, Elisabeth. Um amor conquistado: o mito do amor materno. Rio de Janeiro: Nova

Fronteira, 1985.

BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2011.

BARROS JÚNIOR, Edmilson de Almeida. Código de ética médica: comentado e interpretado.

Timburi: Cia do eBook, 2019.

BARROS, Aluísio J. D. et al. “Coorte de nascimentos de Pelotas, 2004: metodologia e descrição”.

Rev. Saúde Pública, São Paulo, v. 40, n. 3, p. 402-413, jun. 2006. Disponível em https://www.scielo.br/j/rsp/a/XykTW8jqThkbLHWQyXVttgj/?lang=pt. Acesso em 13/12/2018.

BEAUVOIR, Simone de. O segundo sexo, vol. 1 - Fatos e Mitos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,

BRASIL. Carta dos direitos dos usuários da saúde. Guia do sistema único de saúde (SUS) do

Cidadão. Brasília: Ministério da Saúde, 2007.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, 1988. Brasília: Senado Federal, 1988.

BRASIL. Diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa envolvendo seres humanos. Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde, de 12 de dezembro de 2012. Brasília: Ministério da Saúde, 2012.

BRASIL. Ética na Pesquisa na área de Ciências Humanas e Sociais. Resolução 510/16 do Conselho Nacional de Saúde, de 07 de abril de 2016. Brasília: Ministério da Saúde, 2016.

BRASIL. Humanização do parto e do nascimento. Brasília: Ministério da Saúde, 2014.

BRASIL. Lei nº 11.108, de 7 de abril de 2005. Altera a Lei n. 8.080, de 19 de setembro de 1990,

para garantir às parturientes o direito à presença de acompanhante durante o trabalho de

parto, parto e pós-parto imediato, no âmbito do Sistema Único de Saúde-SUS. Brasília: Diário

Oficial da União, 2005.

BRASIL. Portaria nº. 569, de 1 de junho de 2000: Institui o Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento no âmbito do SUS. Brasília: Diário Oficial da União, 2000.

BRASIL. Rede de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres. Brasília: Secretaria de Políticas para as Mulheres, 2011.

CHANG, Hannah H. et al. “Preventing preterm births: analysis of trends and potential reductions with interventions in 39 countries with very high human development index”. The Lancet, v. 381, n. 9862, p. 223-234, nov. 2012. Disponível em https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S014067361261856X. Acesso em 02/02/2019.

CIELLO, Cariny et al. “Dossiê da Violência Obstétrica ‘Parirás com dor’”. Parto do Princípio:

Mulheres em Rede pela Maternidade Ativa, 2012. Disponível em http://www.senado.gov.br/

comissoes/documentos/SSCEPI/DOC%20VCM%20367.pdf. Acesso em 14/05/2016

COMITÊ LATINO-AMERICANO E DO CARIBE PARA A DEFESA DOS DIREITOS DA MULHER. Convenção Interamericana para prevenir, punir e erradicar a violência contra a mulher, ‘Convenção Belém do Pará’. São Paulo: Instituto para Promoção da Equidade, Assessoria, Pesquisa e Estudos, 1996.

D’OLIVEIRA, Ana Flávia Lucas; DINIZ, Simone Grilo; SCHRAIBER, Lilia Blima. “Violence against women in health-care institutions: an emerging problem”. Lancet, Londres, v. 359, n. 9318, p. 1681-1685, maio 2002. Disponível em https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0140673602085926. Acesso em 02/09/2019.

DESLANDES, Suely F. “Análise do discurso oficial sobre a humanização da assistência hospitalar”. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 9, p. 7-14, 2004. Disponível em https://www.scielo.br/j/csc/a/7jS34hDzJbQtCHMjYFHKf4L/abstract/?lang=pt. Acesso em 10/09/2019.

DINIZ, Carmen Simone Grilo et al. “Implementação da presença de acompanhantes durante

a internação para o parto: dados da pesquisa nacional Nascer no Brasil”. Cadernos de Saúde

Pública, v. 30, Suppl 1, p. S140-S153, ago. 2014. Disponível em https://www.scielo.br/j/csp/a/

YwCMB4CMGHxLtbMtzgnhJjx/?lang=pt. ISSN 1678-4464. DOI: 10.1590/0102-311X00127013.

Acesso em 20/04/2016.

DINIZ, Carmen Simone Grilo. “Humanização da assistência ao parto no Brasil: os muitos sentidos de um movimento”. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 10, p. 627-637, set. 2005. Disponível em https://www.scielosp.org/article/ssm/content/raw/?resource_ssm_path=/media/assets/csc/v10n3/a19v10n3.pdf. Acesso em 20/04/2016.

DINIZ, Simone Grilo et al. “Violência obstétrica como questão para a saúde pública no Brasil:

origens, definições, tipologia, impactos sobre a saúde materna, e propostas para sua prevenção”. Journal of Human Growth and Development, São Paulo, v. 25, n. 3, p. 377-384, 2015.

FIOCRUZ. “Nascer no Brasil: Inquérito nacional sobre parto e nascimento (2011 a 2012)”. Fiocruz, 2014. Disponível em https://nascernobrasil.ensp.fiocruz.br/?us_portfolio=nascer-no-brasil. Acesso em 15/06/2016.

IBGE. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Censo Demográfico 2006. Características da população e dos domicílios: resultados do universo. Rio de Janeiro: IBGE, 2006.

JARDIM, Danúbia Mariane Barbosa; MODENA, Celina Maria. “A violência obstétrica no cotidiano assistencial e suas características”. Rev. Latino-Am. Enfermagem, Ribeirão Preto. v. 26, n. 1, p. 1-12, 2018.

LEAL, Maria do Carmo et al. “A cor da dor: iniquidades raciais na atenção pré-natal e ao parto

no Brasil”. Cadernos de Saúde Pública [online], v. 33, e00078816, 2017. Disponível em https://

www.scielo.br/j/csp/a/LybHbcHxdFbYsb6BDSQHb7H/abstract/?lang=pt. ISSN 1678-4464. DOI:

1590/0102-311X00078816. Acesso em 20/01/2019.

LEAL, Maria do Carmo et al. “Fatores associados à morbi-mortalidade perinatal em uma

amostra de maternidades públicas e privadas do Município do Rio de Janeiro, 1999-2001”.

Cadernos de Saúde Pública [online], v. 20, p. S20-S33, 2014a. Disponível em https://www.scielo.br/j/csp/a/L6MQt6DpwyPsZFfzmksvxxv/abstract/?lang=pt. ISSN 1678-4464. DOI: 10.1590/S0102-311X2004000700003. Acesso em 13/01/2017.

LEAL, Maria do Carmo et al. “Intervenções obstétricas durante o trabalho de parto e parto em

mulheres brasileiras de risco habitual”. Cadernos de Saúde Pública, v. 30, Suppl 1, S17-S32, ago. 2014b. Disponível em https://www.scielo.br/j/csp/a/gydTTxDCwvmPqTw9gTWFgGd/?lang=pt. ISSN 1678-4464. DOI: 10.1590/0102-311X00151513. Acesso em 13/01/2017.

MOREIRA, Sérgio Adriany Santos; PARTICHELLI, Patrícia Peterli; BAZANI, Adriana Aparecida Oliveira. “A violência obstétrica e os desafios de se promover políticas públicas de saúde efetivas”. Diálogo, Canoas, n. 41, p. 115-126, ago. 2018. Disponível em https://revistas.unilasalle.edu.br/index.php/Dialogo/article/view/4822. ISSN 2238-9024. DOI: http://dx.doi.org/10.18316/dialogo.v0i41.4822. Acesso em 24/01/2019.

OMS. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE. Born Too Soon: The Global Action Report on Preterm Birth. Genebra: Organização Mundial de Saúde, 2012.

OMS. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE. Prevenção e eliminação de abusos, desrespeito e maustratos durante o parto em instituições de saúde. Genebra: Organização Mundial de Saúde, 2014.

OMS. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE. Tecnologia apropriada para partos e nascimentos.

Recomendações da Organização Mundial de Saúde. Maternidade Segura. Assistência ao

parto normal: Um guia prático. Genebra: Organização Mundial de Saúde, 1996.

PEDROSA, Michele. “Atenção integral à saúde da mulher: desafios para implementação na

prática assistencial”. Revista Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, Rio de Janeiro, v.

, n. 3, p. 72-80, nov. 2005. Disponível em https://rbmfc.emnuvens.com.br/rbmfc/article/view/12. Acesso em 24/01/2019.

QUEIROZ, Fernanda Marques de. Não se rima amor e dor: cenas cotidianas de violência contra a mulher. Mossoró: Editora da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, 2008.

REZENDE, Carolina Neiva Domingues Vieira de. Violência obstétrica: uma ofensa a direitos

humanos ainda não reconhecida legalmente no Brasil. 2015. Graduação (Bacharelado em

Direito) – Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais do Centro Universitário de Brasília, Brasília,

Distrito Federal, Brasil.

RODRIGUES, Diego Pereira et al. “O descumprimento da lei do acompanhante como agravo à

saúde obstétrica”. Texto & Contexto – Enfermagem, Florianópolis, v. 26, n. 3, 2017. Disponível em https://www.scielo.br/j/tce/a/4Qm774mp8J5P7CTBkVpkFVf/abstract/?lang=pt. DOI: 10.1590/0104-07072017005570015. Acesso em 13/08/2019.

SAFFIOTI, Heleieth I. B. Gênero, Patriarcado, Violência. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2004. SAFFIOTI, Heleieth I. B.; ALMEIDA, Suely Souza de. Violência de gênero: poder e impotência. Rio de Janeiro: Revinter, 1995.

SALGADO, Heloisa de Oliveira; NIY, Denise Yoshie; DINIZ, Carmen Simone Grilo. “Meio grogue

e com as mãos amarradas: o primeiro contato com o recém-nascido segundo mulheres que

passaram por uma cesárea indesejada”. Journal of Human Growth and Development, São

Paulo, v. 23, n. 2, p. 190-197, maio/ago. 2013. Disponível em https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/lil-693342. Acesso em 13/08/2019.

SINGATA, Mandisa; TRANMER, Joan; GYTE, Gillian M. L. “Restricting oral fluid and food intake

during labour”. Cochrane database of systematic reviews, Londres, n. 8, jan. 2013. Disponível

em https://www.cochranelibrary.com/cdsr/doi/10.1002/14651858.CD003930.pub2/abstract. DOI: 10.1002/14651858.CD003930.pub2. Acesso em 13/08/2019.

SOUZA, Karina Junqueira de. Violência institucional na atenção obstétrica: proposta de modelo preditivo para depressão pós-parto. 2014. Mestrado (Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva) – Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade de Brasília, Brasília, Distrito Federal, Brasil.

TESSER, Charles Dalcanale et al. “Violência obstétrica e prevenção quaternária: o que é e o que fazer”. Revista Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, Rio de Janeiro, v. 10, n. 35, p. 1-12, abr./jun. 2015. Disponível em https://www.rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/1013. Acesso em 13/08/2019.

VENTURI, Gustavo; BOKANY, Vilma; DIAS, Rita. “Mulheres brasileiras e gênero nos espaços público e privado”. Fundação Perseu Abramo/Sesc, São Paulo, agosto 2010.

WOLFF, Leila Regina; WALDOW, Vera Regina. “Violência consentida: mulheres em trabalho de

parto e parto”. Saúde e Sociedade, São Paulo, v. 17, p. 138-151, set. 2008. Disponível em

https://www.scielo.br/j/sausoc/a/5y44SctJDC9ZMc5bBJbYVZJ/?format=pdf&lang=pt. Acesso em

/08/2019.

Arquivos adicionais

Publicado

2022-12-14

Como Citar

Medeiros, R. de C. da S., & Nascimento, E. G. C. do. (2022). “Na hora de fazer não chorou”: a violência obstétrica e suas expressões. Revista Estudos Feministas, 30(3). https://doi.org/10.1590/1806-9584-2022v30n371008

Edição

Seção

Artigos Temáticos Mulheres em Pesquisas

Artigos Semelhantes

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 > >> 

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.