Masculização e desfeminilização no jornalismo em crise no Brasil (2012-2017)
DOI:
https://doi.org/10.1590/1806-9584-2022v30n275032Palavras-chave:
jornalismo, sociologia do trabalho, mulheres jornalistas, divisão sexual do trabalho, trajetórias profissionaisResumo
No artigo, analisamos o fenômeno, aparentemente paradoxal, da desfeminilização do jornalismo brasileiro em função da crise econômica combinada às transformações estruturais do ofício. O objeto de estudo são os resultados de um painel sobre trajetórias profissionais de jornalistas brasileiras, com surveys produzidos em 2012 e 2017, num contexto de riscos biográficos produzidos por uma combinação de fatores (relacionados ao sistema capitalista, ao setor de mídia e à condição sociopolítica do país). O cotejamento dos dados dessa pesquisa com a bibliografia que aborda a divisão sexual do trabalho nos leva a reiterar a natureza histórica e estrutural da desigualdade de gênero, cujo reconhecimento favorece a compreensão do fenômeno que atinge as trabalhadoras contemporâneas.
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