Gramáticas do Atlântico Negro: Virgínia Bicudo e Grada Kilomba
DOI:
https://doi.org/10.1590/1806-9584-2022v30n275821Palavras-chave:
Racialização, Colonialidade, Descolonização, Virgínia Leone Bicudo, Grada KilombaResumo
Passados mais de 500 anos do início do processo colonial, pessoas negras e indígenas ao redor do mundo, notadamente no Sul Global, sofrem com estigmas, preconceitos e violências legados pelos processos de racialização. Nesse estudo, cotejamos os legados teóricos e metodológicos das pesquisadoras negras Virgínia Leone Bicudo e Grada Kilomba, contribuindo na percepção de que a localização social dos corpos racializados e generificados de ambas as pesquisadoras são instrumentos fundamentais para os deslocamentos teórico-metodológicos propostos em suas obras. Aproximamos, assim suas investigações no tocante ao lugar que a raça ocupa na questão da colonialidade e no fazer ciência, apontando possíveis contribuições às reflexões clássicas da teoria sociológica em nosso país. A partir das obras analisadas, vislumbramos ainda possibilidades de instituição de contra discursos ao projeto colonial.
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