Contraescritas feministas: educação das meninas de pedra
DOI:
https://doi.org/10.1590/1806-9584-2022v30n277563Palavras-chave:
Contraescrita, Feminismos subalternos, Memória, Mulheres negras, EducaçãoResumo
Neste artigo, convidamos você a pensar fora das caixas coloniais da escrita acadêmica a
partir da experiência de uma viagem de trem. Em seus vagões, estamos nós, autoras desta narrativa: duas mulheres negras e uma branca. Nosso propósito é produzir uma política de aliança entre mulheres no combate ao racismo. Embora se trate de um falatório, a protagonista desta história é a primeira autora e é em sua cabine que se desenrola esta contraescrita gestada no coração do Sul global. É por meio de seu trabalho de memória que discorremos sobre as exclusões que atravessam os corpos de meninas negras durante seus processos de escolarização. Resulta dessa lição a constatação da produção de fileiras de meninas de pedra, apartadas do ensino formal. Aqui, nosso pensamento se ancora em teorizações feministas e, a cada estação, reescrevemos a história oficial, registramos as lutas e construímos um futuro em comum.
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