Histórias de vida de mulheres Sem Terra: divisão sexual do trabalho na agroecologia
DOI:
https://doi.org/10.1590/1806-9584-2023v31n283307Palavras-chave:
Mulheres rurais, Gênero, Trabalho, Agroecologia, Reforma agráriaResumo
Neste artigo, analisamos a divisão sexual do trabalho no trabalho agroecológico de mulheres que vivem em territórios de Reforma Agrária do Paraná. Os dados de campo apontam para o aumento da autonomia, ‘agência’ e subjetividade ativa das mulheres. Entretanto, identificamos persistências de divisões sexuais do trabalho patriarcais. Esse quadro conduz à ampliação de jornadas de trabalho e esgotamento do corpo das mulheres. Além disso, identificamos redução da organização sociopolítica e migração para o âmbito da produção e comercialização agroecológica. Essas desigualdades são reduzidas por fatores geracionais, escolaridade, formação de gênero e transitoriedade campo-cidade. Mediante tal cenário, a reivindicação feminista da divisão sexual do trabalho igualitária é relevante na luta política de gênero, pela terra, agroecologia e decolonial.
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