Interseccionalidade: proposta de um mapa teórico provisório
DOI:
https://doi.org/10.1590/1806-9584-2024v32n290290Palavras-chave:
interseccionalidade, teoria interseccional, justiça social, gênero, raçaResumo
Este artigo é resultado do esforço de construção de um mapa teórico para compreender e aprofundar os significados da interseccionalidade. No texto há uma revisão de literatura e ele está estruturado a partir de três elementos fundamentais: (1) a história anterior ao surgimento do conceito, (2) algumas formas complexas de entendimento do que é a interseccionalidade, e (3) a justiça social como elemento fundante e inegociável de qualquer estratégia que surja a partir da interseccionalidade. Trata-se de um mapa provisório, localizado e aberto, que pretende se somar a outras concepções particulares de interseccionalidade e contribuir na construção coletiva de seu significado, criticando seus usos como um modismo acadêmico ou esvaziado de seu compromisso político emancipador.
Downloads
Referências
AKOTIRENE, Carla. O que é interseccionalidade? Belo Horizonte, MG: Letramento; Justificando, 2018.
ANZALDÚA, Glória E. “Borderlands/La Frontera: The New Mestiza”. Aunt Lute, 1987.
BENTO, Cida. O Pacto da Branquitude. São Paulo: Companhia das Letras, 2022.
BILGE, Sirma. “Interseccionalidade Desfeita: salvando a interseccionalidade dos estudos feministas sobre interseccionalidade”. Revista Feminismos, v. 6, n. 3, 2018. Disponível em https://periodicos.ufba.br/index.php/feminismos/article/view/33680. Acesso em 10/10/2019.
BLACKWELL, Maylei; NABER, Nadine. “Interseccionalidade em uma era de globalização: As implicações da Conferência Mundial contra o Racismo para práticas feministas transnacionais”. Revista Estudos Feministas, v. 10, n. 1, p. 189-198, 2002. Disponível em https://www.scielo.br/j/ref/a/ggH7nksZZQQ7TbKddg65hQc/abstract/?lang=pt#. Acesso em 10/02/2022.
BROWN, Wendy. Nas ruínas do neoliberalismo - a ascensão da política antidemocrática no ocidente. São Paulo: Filosófica Politea, 2019.
CAMPBELL, Meghan. “CEDAW and Women’s Intersecting Identities: A Pioneering New Approach to Intersectional Discrimination”. Revista Direito GV, v. 11, n. 2, p. 479-504, 2015. Disponível em https://www.scielo.br/j/rdgv/a/9MyzJzQzzmXVZqXZ8KD9r9D/?lang=en. Acesso em 01/01/2016.
CARASTATHIS, Anna. “The Concept of Intersectionality in Feminist Theory”. Philosophy Compass, v. 9, n. 5, p. 304-314, 2014. Disponível em https://compass.onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1111/phc3.12129. Acesso em 05/06/2015.
CARDOSO, Cláudia Pons. Outras falas: feminismos na perspectiva de mulheres negras brasileiras. 2012. Doutorado - Universidade Federal da Bahia, Salvador, Brasil.
CARNEIRO, Sueli. “Gênero, Raça e Ascenção Social”. Revista Estudos Feministas, v. 3, n. 2, p. 544-552, 1995. Disponível em https://www.geledes.org.br/wp-content/uploads/2015/05/G%C3%AAnero-ra%C3%A7a-e-ascen%C3%A7%C3%A3o-social.pdf. Acesso em 04/04/2015.
CARNEIRO, Sueli. “Mulheres em movimento”. Estudos Avançados, v. 17, n. 49, p. 117-133, 2003. Disponível em https://www.scielo.br/j/ea/a/Zs869RQTMGGDj586JD7nr6k/. Acesso em 08/08/2013.
CARNEIRO, Sueli. “Sobrevivente, testemunha e porta-voz”. Cult, São Paulo, n. 223, p. 12-20, 2017. (Entrevista concedida à Bianca Santana)
CASTRO-GÓMEZ, Santiago. La poscolonialidad explicada a los niños. Cauca, Colômbia: Editora da Universidad del Cauca, 2005.
CATOIA, Cinthia de Cassia; SEVERI, Fabiana Cristina; FIRMINO, Inara Flora Cirpiano. “Caso ‘Alyne Pimentel’: Violência de Gênero e Interseccionalidades”. Revista Estudos Feministas, v. 28, n. 1, 2020. Disponível em https://www.scielo.br/j/ref/a/CNfnySYtXWTYbsc987D8n5S/abstract/?lang=pt. Acesso em 02/02/2021.
COLLINS, Patricia Hill. “Se perdeu na tradução? Feminismo negro, interseccionalidade e política emancipatória”. Parágrafo, v. 5, n. 1, p. 6-17, 2017. Disponível em https://revistaseletronicas.fiamfaam.br/index.php/recicofi/article/view/559. Acesso em 03/03/2022.
COLLINS, Patricia Hill. “A diferença que o poder faz: interseccionalidade e democracia participativa”. Rev. Sociologias Plurais, v. 8, n. 1, p. 11-44, 2022. Disponível em https://revistas.ufpr.br/sclplr/article/viewFile/84497/45732. Acesso em 20/03/2022.
COLLINS, Patricia Hill. Interseccionality as Critical Social Theory. Durhan and London: Duke University Press, 2019.
COLLINS, Patricia Hill; BILGE, Sirma. Intersectionality. Cambridge: Polity Press, 2016.
CRENSHAW, Kimberlé. “Demarginalizing the intersection of Race and Sex: a Black Feminist Critique of Antidiscrimination Doctrine, Feminist Theory and Antiracist Politics”. University of Chicago Legal Forum, v. 1989, p. 139, 1989.
CRENSHAW, Kimberlé. “Mapping the Margins: Intersectionality , Identity Politics, and Violence against Women of Color”. Stanford Law Review, v. 43, p. 1241, 1991. Disponível em https://www.jstor.org/stable/1229039. Acesso em 08/04/2014.
CRENSHAW, Kimberlé. “Documento para o encontro de especialistas em aspectos da discriminação racial relativos ao gênero”. Revista Estudos Feministas, v. 10, n. 1, p. 171-188, 2002. Disponível em https://www.scielo.br/j/ref/a/mbTpP4SFXPnJZ397j8fSBQQ/abstract/?lang=pt. Acesso em 24/05/2014.
CURIEL, Ochy. “Crítica Pós-Colonial a Partir das Práticas Políticas do Feminismo Antirracista”. Nómadas, v. 26, p. 92-101, 2007. Disponível em https://www.redalyc.org/pdf/1051/105115241010.pdf. Acesso em 18/09/2021.
DAVIS, Angela. Mulheres, Raça e Classe. São Paulo: Boitempo, 2016.
FEDERICI, Silvia. O Ponto Zero da Revolução - Trabalho Doméstico, Reprodução e Luta Feminista. São Paulo: Elefante, 2019.
FRASER, Nancy. “A justiça social na globalização: Redistribuição, reconhecimento e participação”. Revista Crítica de Ciências Sociais, n. 63, p. 07-20, 2002. Disponível em https://www.ces.uc.pt/publicacoes/rccs/artigos/63/RCCS63-Nancy%20Fraser-007-020.pdf. Acesso em 14/11/2021.
FRASER, Nancy. “O feminismo, o capitalismo e a astúcia da história”. Mediações - Revista de Ciências Sociais, v. 14, n. 2, p. 11-33, 2009. Disponível em https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4300312/mod_resource/content/1/FRASER%2C%20Nancy.%20Feminismo%2C%20capitalismo%20e%20a%20ast%C3%BAcia%20da%20hist%C3%B3ria.pdf. Acesso em 29/05/2020.
GONZALEZ, Lélia. “Racismo e Sexismo na Cultura Brasileira”. Revista Ciências Sociais Hoje, Anpocs, p. 223-244, 1984. Disponível em https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/5509709/mod_resource/content/0/06%20-%20GONZALES%2C%20L%C3%A9lia%20-%20Racismo_e_Sexismo_na_Cultura_Brasileira%20%281%29.pdf. Acesso em 08/05/2014.
GONZALEZ, Lélia. Por um Feminismo Afro-latino-americano: ensaios, intervenções e diálogos. Rio de Janeiro: Zahar, 2020.
hooks, bell. “Mulheres negras: moldando a teoria feminista”. Revista Brasileira de Ciência Política, n. 16, p. 193-210, 2015. Disponível em https://www.scielo.br/j/rbcpol/a/mrjHhJLHZtfyHn7Wx4HKm3k/?lang=pt. Acesso em 28/02/2014.
KYRILLOS, Gabriela M. Os direitos humanos das mulheres no Brasil a partir de uma análise interseccional de gênero e raça sobre a eficácia da Convenção para a Eliminação de todas as formas de Discriminação contra a Mulher (CEDAW). 2018. Doutorado (Programa de Pós-Graduação em Direito) - Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, Brasil.
KYRILLOS, Gabriela M. “Uma Análise Crítica sobre os Antecedentes da Interseccionalidade”. Revista Estudos Feministas, v. 28, n. 1, 2020. Disponível em https://www.scielo.br/j/ref/a/zbRMRDkHJtkTsRzPzWTH4Zj/abstract/?lang=pt. Acesso em 01/01/2021.
LORDE, Audre. “Não existe hierarquia de opressão”. In: HOLLANDA, Heloisa Buarque de . Pensamento feminista: conceitos fundamentais. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2019a. p. 234-236.
LORDE, Audre. “Idade, Raça, Classe e Gênero: mulheres redefinindo a diferença”. In: HOLLANDA, Heloisa Buarque de. Pensamento feminista: conceitos fundamentais . Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2019b. p. 237-248.
LUGONES, María. “Colonialidad y género”. Tabula Rasa, n. 09, p. 73-101, 2008. Disponível em https://www.revistatabularasa.org/numero-9/05lugones.pdf. Acesso em 29/11/2014.
MAIO, Marcos Chor. “O Brasil no concerto das nações: a luta contra o racismo nos primórdios da Unesco”. História, Ciências, Saúde-Manguinhos, v. 5, p. 375-413, 1998. Disponível em https://www.scielo.br/j/hcsm/a/z8ZdVvMKhtdQkL7qfh6pSTG/?lang=pt. Acesso em 15/02/2022.
PEREIRA, Ana Claudia Jaquetto. Pensamento Social e Político do Movimento de Mulheres Negras: o lugar de ialodês, orixás e empregadas domésticas em projetos de justiça social. 2016. Doutorado - Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil.
PEREIRA, Bruna Cristina Jaquetto. “Sobre usos e possibilidades da interseccionalidade”. Civitas - Revista de Ciências Sociais, v. 21, n. 3, p. 445-454, 2021. Disponível em https://revistaseletronicas.pucrs.br/index.php/civitas/article/view/40551. Acesso em 01/02/2022.
SCHUCMAN, Lia Vainer. Entre o encardido, o branco e o branquíssimo: branquitude, hierarquia e poder na cidade de São Paulo. 2 ed. São Paulo: Veneta, 2020.
SEGATO, Rita Laura. “Gênero e colonialidade: em busca de chaves de leitura e de um vocabulário estratégico descolonial”. e-cadernos CES, n. 18, p. 106-131, 2012. Disponível em https://journals.openedition.org/eces/1533. Acesso em 08/11/2014.
STELZER, Joana; KYRILLOS, Gabriela M. “Inclusão da Interseccionalidade no âmbito dos Direitos Humanos”. Revista Direito e Práxis, v. 12, p. 237-262, 2021. Disponível em https://www.scielo.br/j/rdp/a/ccVJTdKcSWtVxdpmVPjkwZx/?lang=pt. Acesso em 04/04/2021.
VIGOYA, Mara Viveros. “La interseccionalidad: una aproximación situada a la dominación”. Debate Feminista, v. 52, p. 1-17, 2016. Disponível em https://repositorio.unal.edu.co/handle/unal/80372. Acesso em 20/11/2021.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Revista Estudos Feministas
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
A Revista Estudos Feministas está sob a licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional (CC BY 4.0) que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento de autoria e publicação inicial neste periódico.
A licença permite:
Compartilhar (copiar e redistribuir o material em qualquer suporte ou formato) e/ou adaptar (remixar, transformar, e criar a partir do material) para qualquer fim, mesmo que comercial.
O licenciante não pode revogar estes direitos desde que os termos da licença sejam respeitados. Os termos são os seguintes:
Atribuição – Você deve dar o crédito apropriado, prover um link para a licença e indicar se foram feitas mudanças. Isso pode ser feito de várias formas sem, no entanto, sugerir que o licenciador (ou licenciante) tenha aprovado o uso em questão.
Sem restrições adicionais - Você não pode aplicar termos jurídicos ou medidas de caráter tecnológico que restrinjam legalmente outros de fazerem algo permitido pela licença.